Chuvas no Sul: ciclone e frente fria se formaram ao mesmo tempo e foram intensificados por El Niño; entenda

Chuvas no Sul: ciclone e frente fria se formaram ao mesmo tempo e foram intensificados por El Niño; entenda

🔥 O El Niño se caracteriza pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico. No Brasil, seu principal impacto é o aumento de chuvas no Centro-Sul e o oposto no Norte, Nordeste e na porção norte do Centro-Oeste. Para piorar ainda mais, estamos vivendo um El Niño atípico, com calor acima da média. Uma das consequências sentidas no Brasil foi a onda de calor no fim de agosto, em pleno inverno. Segundo a meteorologia, se não fosse por esse fenômeno, a frente fria e o ciclone, que são eventos climáticos comuns, não teriam causado tamanha destruição: provavelmente, teriam resultado em uma chuva de intensidade normal e vento. Mas foi a frente fria que gerou o ciclone ou o contrário? Nenhum dos dois, explicam os especialistas. Os fenômenos são conectados e um não teve influência sobre o outro. Para ilustrar de forma didática, o meteorologista Giovani Dolif, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ligado ao Ministério da Ciência, faz uma analogia: É um processo complexo na atmosfera. Os dois eventos são como partes da mesma coisa. Como um cachorro, em que a frente fria é a cabeça e o ciclone é o rabo. Não há como dizer quem veio primeiro. Eles estão conectados entre si nesse fluido gasoso que é a atmosfera. — Giovani Dolif, meteorologista do Centro de Centro Nacional de Desastres Naturais Para entender o que ocorreu na Região Sul é preciso ter em mente dois pontos: Na atmosfera, é frequente que massas de ar se movimentem em sentidos opostos: uma fria para o norte e outra quente para o sul.Esse movimento gera reações, como a formação de frentes frias e ciclones. Isso é comum ao longo do ano, levando a mudanças que percebemos nas temperaturas e na intensidade da chuva. No infográfico abaixo, veja quando se deu a formação dos fenômenos no Rio Grande do Sul: Cronologia da tragédia no RS — Foto: Arte/g1 👉 As mortes no Rio Grande do Sul em decorrência das chuvas nesta semana superam a maior tragédia natural das últimas quatro décadas no estado até então: em junho deste ano, 16 pessoas morreram no estado. A condição atual é parecida com a do ciclone de junho, que também estava sob influência do El Niño, fazendo com que os impactos fossem muito maiores do que outros ciclones que já passaram pela região. O ciclone ou a frente fria não eram uma ameaça. Mas eles chegaram como uma faísca em um ambiente com pólvora, formado pelo El Niño. Ele trouxe um vento forte, quente e úmido, que favoreceu a formação de nuvens e gerou o volume de chuva que vimos. — Giovani Dolif, meteorologista Por que o El Niño está acima da média? Os especialistas explicam que o efeito do El Niño é acelerar os ventos em altitude. Com ventos mais fortes, a atmosfera fica mais instável. Isso acaba favorecendo a formação de nuvens, que são a causa da chuva. O que significa que, em caso de surgimento de fenômenos como a frente fria e o ciclone desta semana, eles podem ocorrer com intensidade acima da média. A região Sul do Brasil vem de mais de dois anos de seca. Com o El Niño, esse cenário mudou e a previsão de chuvas intensas com eventos climáticos assim segue até o início do próximo ano. — Giovani Dolif, meteorologista do Cemaden O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), ligado ao Inpe, faz um relatório com a previsão para o trimestre para o Brasil inteiro. O documento mostra as tendências do clima nas regiões e a expectativa é de chuva acima da média para todo o Sul do país.

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