O Japão tem enfrentado críticas por estar liberando água contaminada de Fukushima no mar. De um lado, há cientistas defendendo diluição segura; por outro, surgem preocupações globais devido a impactos ambientais. O desastre nuclear de Fukushima, ocorrido em março de 2011 no Japão, foi um dos eventos mais impactantes da história moderna, destacando os perigos e complexidades associados à energia nuclear e à segurança das usinas nucleares. O incidente foi desencadeado pelo Grande Terremoto de Tohoku, um terremoto de magnitude 9.0 que gerou um tsunami devastador, levando a um colapso na usina nuclear de Fukushima Daiichi. Foto: Fio/FreePik/Reprodução A usina de Fukushima Daiichi, localizada na costa nordeste do Japão, foi projetada para resistir a terremotos. No entanto, a magnitude e a força do terremoto de Tohoku excederam suas capacidades de resistência. O tsunami resultante atingiu a usina e inundou seus sistemas de resfriamento, interrompendo a fonte de energia elétrica e desativando os sistemas de resfriamento dos reatores nucleares. Isso levou ao superaquecimento dos núcleos dos reatores, causando fusões nucleares parciais e liberando uma quantidade significativa de radiação. Como resfriar os reatores? A tarefa de esfriar os reatores provou-se extremamente desafiadora. A Tokyo Electric Power Company (TEPCO), operadora da usina, implementou diversas estratégias para resfriar os reatores e minimizar a liberação de radiação. Uma das táticas mais notáveis foi a construção de estruturas temporárias chamadas cascatas de água. Essas estruturas foram projetadas para recolher e armazenar a água utilizada para resfriar os reatores e evitar que ela se espalhasse pelo ambiente circundante. Além disso, foram instalados sistemas de tratamento de água para remover substâncias radioativas, permitindo que a água fosse reciclada para continuar a resfriar os reatores. 2023 e a maré de controvérsias Mais de uma década após o desastre nuclear de Fukushima, as operações de resfriamento continuam a ser um desafio significativo. Recentemente, surgiu a preocupação com os altos níveis de trítio na água utilizada para esse fim. O trítio é um isótopo radioativo do hidrogênio e sua presença em concentrações elevadas pode gerar inquietações relacionadas à segurança ambiental e à saúde pública. A situação chegou a um ponto em que os funcionários responsáveis não conseguem mais tratar essa água de maneira eficaz. Isso levou a uma alternativa controversa: despejar a água contaminada no oceano. Essa estratégia foi proposta por cientistas que afirmam haver um nível mínimo de trítio aceitável para águas marinhas e que os oceanos têm a capacidade de diluir a substância, reduzindo os riscos associados. Essa decisão gerou debates intensos e preocupações tanto dentro quanto fora do Japão. Muitos cientistas argumentam que a liberação controlada de água contaminada no mar é uma solução viável, dado o processo natural de diluição e dispersão que os oceanos proporcionam. No entanto, grupos ambientalistas e parte da população expressam desconfiança em relação a essa estratégia, temendo os impactos a longo prazo na saúde marinha e nas comunidades costeiras. As preocupações internacionais também entraram em jogo, com países vizinhos, como a China, manifestando forte oposição à liberação da água contaminada no oceano. Foto: Megacurioso/Reprodução Além disso, algumas nações aplicaram sanções econômicas ao Japão em resposta a essa decisão, demonstrando a complexidade geopolítica envolvida na gestão de desastres nucleares e na tomada de decisões que afetam a saúde global. O dilema entre a necessidade de lidar com a água contaminada acumulada em Fukushima e os riscos associados à sua liberação no meio ambiente está longe de ser resolvido. A tragédia de Fukushima continua a gerar questionamentos importantes sobre a segurança das usinas nucleares, a gestão de resíduos radioativos e os impactos a longo prazo das decisões tomadas em momentos de crise.