Reconstrução facial, investigação e DNA: entenda o trabalho feito para identificar ossada humana

Reconstrução facial, investigação e DNA: entenda o trabalho feito para identificar ossada humana

O encontro de uma ossada humana geralmente vem cheio de mistérios: como essa pessoa morreu? Há quanto tempo isso aconteceu? Quem é ela? Será que a família ainda procura por ela? Foi morte natural ou homicídio? O que a trouxe até aqui? Contudo, apenas uma investigação severa da polícia, com o apoio de peritos, que vão examinar minuciosamente aqueles restos mortais, pode responder a todos esses questionamentos. O primeiro passo é preservar o local e não deixar que ninguém mais interfira, ou possa modificar a possível cena do crime, como o que foi feito no caso do crânio encontrado por funcionários de uma usina na cidade de Potirendaba, no interior de São Paulo, nas últimas semanas. Após esse processo, a perícia é requisitada pela polícia para analisar a cena e coletar evidências. As equipes também ficam responsáveis por recolher a ossada e qualquer outro elemento que possa auxiliar na investigação, conforme explica a delegada e diretora da Adepol (Associação dos Delegados de Polícia) do Brasil, Raquel Gallinati. No IML (Instituto Médico Legal), a ossada passará por perícia antropológica, para identificar o grupo étnico da pessoa, ou antropométrica (medida das dimensões físicas de uma pessoa), para avaliar gênero, peso, altura, quantidade de gordura corporal, etc, além de exames feitos pelo setor de odontologia legal e, se for preciso, até uma reconstrução facial. Esse, geralmente, é o primeiro procedimento feito para a identificação da vítima, segundo a perita Mabel Proence. A especialista, que trabalha em um laboratório de genética forense no Tocantins, explica que inicialmente os profissionais vão trabalhando com suspeitas e verificam, por exemplo, se alguma pessoa que desapareceu foi vista pela última vez naquela determinada região. ·  Compartilhe esta notícia no Whatsapp·  Compartilhe esta notícia no Telegram Quando a vítima não está em estado cadavérico é mais fácil a identificação. A família, que muitas das vezes já está procurando por ela há um certo tempo, é chamada para reconhecer o corpo. “A gente pede para que eles mandem qualquer coisa que facilite a identificação, pode ser uma escova de dente, um umbigo ou dente de leite que a mãe guardou e fazemos essa comparação”, afirma. Se for constatado que o corpo é da pessoa que a família vem procurando, os trâmites ficam por parte dela e o processo termina, caso a morte tenha ocorrido por motivos naturais. Se não, a investigação de homicídio segue por parte da polícia. Já quando o corpo está em estado muito avançado de decomposição ou apenas a ossada daquela pessoa foi encontrada, há uma série de processos a serem feitos, segundo Proence. Veja quais são e como são feitos: ·  Quando os peritos suspeitam que seja uma pessoa, eles pedem à família exames de imagem e DNA para fazer as comparações com os resultados dos exames extraídos da ossada; · Caso não haja suspeitos e, consequentemente, não haja com o que comparar, as equipes fazem os exames necessários para estimar idade, gênero, dentição, tamanho do crânio, características e DNA; · As informações genéticas do dono da ossada são geralmente colocadas no banco de DNA, onde ficam várias amostras de parentes de pessoas desaparecidas. Se der “match”, conforme explica a perita, a família dessa pessoa é acionada. · Caso não tenha nenhuma suspeita, a ossada segue guardada e os exames são cadastrados no sistema até que haja algum tipo de pista que possa ajudar a identificar a vítima. Tempo de morte Ainda de acordo com a perita Mabel Proence, não é possível definir exatamente a data em que a pessoa responsável por aquela ossada morreu, mas dá para fazer uma estimativa. “Às vezes, 20, 30, 50 anos para mais nós conseguimos identificar. O estado de decomposição em que elas são encontradas depende das condições ambientais”, ressalta. A causa da morte também pode ser constatada na perícia, a depender do estado do corpo. Proence explica que, no caso do crânio encontrado no interior de São Paulo, só é possível saber a causa da morte se houver algum dano na cabeça, seja por pancada ou tiro com arma de fogo, uma vez que as demais partes do corpo não foram localizadas. A perita pontua que só é possível um diagnóstico completo do que poderia ter acontecido com a vítima após o trabalho em conjunto de todas as partes da perícia. “Eu, por exemplo, só faço DNA. Meus colegas fazem a parte da odonto, e tem os que analisam o corpo em si. Então, nós juntamos todos os laudos para chegar a um possível resultado”. A delegada Raquel Gallinati conta que, em alguns casos, é possível até mesmo saber se a vítima foi torturada ou abusada. A partir disso, a polícia vai atrás de possíveis testemunhas e das demais pistas para encontrar o suspeito do crime. “A descoberta de uma ossada humana desencadeia uma operação complexa de investigação criminal e exige uma apuração meticulosa, além da ciência forense. O trabalho da polícia é crucial para elucidar o caso, identificando a autoria do crime para buscar justiça e trazer algum tipo de encerramento para as famílias envolvidas”, completa Gallinati. Crânio humano achado em usina: relembre casos de ossadas encontradas em São Paulo

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