Apesar dos pesares, os alimentos feitos à base desses insetos são ricos em proteína, sendo uma alternativa mais acessível em comparação às carnes animais tradicionais. Na busca por alternativas para combater os desafios da insegurança alimentar, provenientes do aumento da população mundial, a Universidade de São Paulo (USP) está liderando pesquisas no campo da alimentação sustentável. Atualmente, a equipe de pesquisadores está trabalhando para desenvolver alternativas alimentares à base de insetos, mais especificamente larvas de mosca, como uma solução promissora para esses problemas globais prementes. Uma ideia inusitada, mas promissora A motivação central desta pesquisa é encontrar fontes de proteína mais sustentáveis e acessíveis do que a carne animal tradicional. As larvas da mosca-soldado-negra, por exemplo, são uma rica fonte de proteínas, gorduras e fibras, e podem ser cultivadas de maneira eficaz em espaços relativamente pequenos, aproveitando restos de alimentos. A coordenadora do projeto, Alessandra Oliveira, compartilhou sua visão sobre essa inovação em uma entrevista à CNN Brasil. “As larvas de mosca representam uma fonte de proteína altamente eficiente. Elas se desenvolvem rapidamente e podem ser criadas de forma sustentável, utilizando resíduos orgânicos.” Os resultados até o momento são promissores. A pesquisa já produziu dois alimentos feitos com farinha de larvas de mosca: pão e salsicha. Em testes com um grupo de consumidores, os produtos foram elogiados por seu sabor e textura. “Os alimentos à base de larvas de mosca têm um sabor apetitoso e são ricos em nutrientes. (…) Eles podem se tornar uma opção intrigante para aqueles que buscam uma dieta mais sustentável e acessível.” afirma Oliveira. Essa iniciativa também recebeu apoio da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que reconheceu o potencial dos insetos como uma fonte promissora de proteína para a alimentação humana em um relatório de 2021. Enquanto a ideia de consumir alimentos à base de insetos pode parecer inusitada para algumas pessoas, a pesquisa da USP aponta para um futuro em que essa alternativa pode se tornar comum entre a população mundial. Além de contribuir para a segurança alimentar, é uma iniciativa sustentável que pode contribuir para a redução do impacto ambiental deixado pela indústria alimentar, especialmente a da carne.