Queda no preço dos alimentos pode dar fôlego nas contas das famílias com renda de até cinco salários mínimos

Queda no preço dos alimentos pode dar fôlego nas contas das famílias com renda de até cinco salários mínimos

É uma cena recente no curta-metragem do cotidiano: o leite longa vida, o tomate, a batata inglesa, as carnes brilham no caixa os alimentos que ficaram mais baratos. Um ponto de virada no drama da protagonista: a família com renda de até 5 salários mínimos. “Não que tá às mil maravilhas, mas deu uma pequena reduzida, né”, diz o representante comercial Rogério Leandro Aparecido. “Quando a gente chega no mercado vê uma quedinha boa e diz: ‘Opa, hoje eu vou pegar isso aqui’. Aí você já vai pegando aquilo que tá faltando”, diz a costureira Lici Azevedo Lino. “Antes a gente ficava só no básico, agora a gente pode até ousar um pouquinho. Ali, ó, na pizza, no morango, talvez não comprasse quatro caixas, talvez comprasse uma”, diz a professora Rita de Cássia da Silva Andrade. “O que a gente tem observado agora é que a gente tem mais empregos, né, e a renda do trabalho voltou a subir nos últimos 12 meses. De modo que a gente tem pelo menos o nível de renda hoje parecido com o que tinha pré-pandemia”, diz o professor de economia da FGV Renan Pieri. O filme que a gente assiste dentro do supermercado chama deflação. Porque na média o preço dos alimentos caiu pelo terceiro mês seguido. E ainda que o orçamento das famílias continue apertado com as outras contas e as dívidas, analistas dizem que pode começar a sobrar um pouquinho para o crescimento da economia. “Sem dúvida alguma, impacta positivamente no PIB. Por quê? Porque o consumo das famílias chega a representar 60% do PIB. Então esse movimento é um movimento interessante para economia, só que temos que tomar um certo cuidado, porque isso daí pode ser um comportamento temporário. Porque as famílias dependem muito de expectativas”, explica o professor de economista do Insper, Otto Nogami. “Está sendo possível continuar com as nossas aquisições, mesmo apesar dos preços e a gente tá conseguindo aí conquistar pouco a pouco aquilo que a gente tanto precisa”, diz a professora Ana Paula Pereira da Silva. “Eu comprei uma máquina de lavar. Paguei à vista. Talvez encontrando mais em conta uma geladeira eu vou comprar à vista também”, comenta a aposentada Maria Cristina de Carvalho. É cedo para falar em final feliz, que só vem com o crescimento prolongado. Mas a trilha que está tocando é boa, dizem os economistas. “Essa diversidade no consumo é que faz as pessoas se sentirem mais felizes. Por quê? Porque estão satisfazendo suas necessidades e desejos. Isso é positivo para economia. Por quê? Porque é uma maneira de você manter a sociedade com essa sensação de bem-estar e de satisfação atendida, né? Isso reflete positivamente sobre o comportamento do crescimento da economia”, diz Otto Nogami.

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