Durante sua viagem, ele fez anotações detalhadas de cada dia da boiada pelas Gerais. A bióloga Monica Meyer leu todas para escrever “Sertão Natureza” e copiou à mão cada uma delas que Guimarães fez em seis cadernetas. Pelas contas da Mônica, ele passava seis horas por dia na boiada. “Do conforto do Itamary, para o lombo de um burro? Vai falar de vaqueiro, de bosta e mijo de gado? Eu acho essa viagem fabulosa”, diz Monica. A Boiada de Guimarães Rosa — Foto: Reprodução/TV Globo A comitiva A comitiva em que Guimarães Rosa desbravou o Sertão mineiro, tem até mulas A comitiva em que Guimarães Rosa desbravou o Sertão mineiro inclui até uma mula com uma cangalha e bolsas que continham equipamentos e principalmente mantimentos para a viagem. Guimarães passou dez dias visitando fazendas, sempre registrando suas observações em papel. “A letra segue o sacolejo dele sobre a mula. Ele vai anotando as quadras, os versos”, diz Monica. A comitiva da ‘Boiada’ feita por Guimarães Rosa em 1952 incluiu até mulas — Foto: Reprodução/TV Globo Manuelzão, o chefe da boiada Chefe de boiada que conduziu Guimarães Rosa, Manuelzão virou personagem em livro Em Andrequicé, distrito de Três Marias, viveu Manuel Nardy, chefe da boiada de Guimarães e que virou o personagem Manuelzão. O local agora é um museu, que preserva objetos e histórias deste homem. Casa de Manuel Gardy foi transformada em museu. — Foto: TV Globo/Reprodução O vaqueiro e o boi Expedição inspirada em Guimarães Rosa destaca a relação entre vaqueiros e seus bois em MG A expedição destaca a relação especial entre vaqueiros e seus bois, que foi retratada por Guimarães, bem como a presença histórica do gado na região de Minas Gerais. A vaqueira Valdênia dos Santos, com 43 anos de experiência na roça, segue na entrada em direção a Morro da Garça, com os “amigos” dela: “Campeão, conhaque e Sampaio”, diz ela sobre os nomes de alguns dos seus bois. “Os animais entendem mais a gente do que um ser humano”, relata a vaqueira. “O vaqueiro fala com boi, é olho no olho, é uma intimidade que a gente não tem, porque a gente não vive ela, mas quem tem, é diferente”, diz Mônica. A relação entre o vaqueiro e seus bois, foi retratada por Guimarães Rosa — Foto: Reprodução/TV Globo O Sertão feminino E há um avanço em relação à presença feminina no Sertão avistado por Guimarães em 1952. A expedição atual mostra a presença de mulheres fortes no local, como a vaqueira Valdênia. Ela, que já foi doméstica e gari, expressa orgulho por suas realizações. “Eu sinto muito orgulho de mim pelas coisas que a gente faz. Não pode ter vergonha, não. Nós que somos mulheres, nós temos que mostrar nossa guarra”, destaca. A vaqueira Valdênia dos Santos e os seus bois — Foto: Reprodução/TV Globo Pedalada até o Morro da Garça Morro da Garça foi referência na travessia da boiada de Guimarães Rosa, em 1952 A expedição ainda fez uma pedalada até o Morro da Garça, com 940 metros de altitude, que foi uma referência na travessia da boiada em 1952. O escritor fez dele um personagem vivo que dá recados, alertas para o futuro. O morro está bem no meio de Minas Gerais e no centro das histórias de Rosa: dos 9 livros que reúnem a obra de Guimarães, quase todos são ambientados pelo que acontece logo abaixo, na cidade, e na direção da Serra do Jacaré, que leva a Três Marias. “Guimarães a vista aqui no terceiro para o quarto dia, e ele vê o Morro da Garça até o último dia, né? Acaba que ele vai falando, que o morro é místico, né?”, diz André Ferreira. Morro da Garça, uma referência na travessia da boiada em 1952 — Foto: Reprodução/TV Globo Festa da Lavoura O programa retrata também a animação da Festa da Lavoura no município de Morro da Garça, localizado no meio de Minas Gerais e centro das histórias de Rosa. O destaque é para os carros de boi que desfilam desde 1966 na festa criada para homenagear o homem do campo. O evento ainda reúne candidatas a rainha da lavoura e as cavalgadas, que encerram o festejo. Festa da Lavoura no município de Morro da Garça — Foto: Reprodução/TV Globo O menino Francisco Teixeira, de 8 anos, foi a pé de Felixlândia até a cidade com uma boiada para participar da celebração. ‘“Acho que andei uns 21 km a pé. Hoje é o segundo dia. É um dia muito especial, a chegada para ir para o morro da Garça”, diz ele. Menino de 8 anos percorreu trajeto para chegar ao Festival da Lavoura, no Morro da Garça — Foto: Reprodução/TV Globo Veja a íntegra do Globo Repórter: Edição de 22/09/2023 Assista às reportagens do programa: