Governo federal e governo do RJ discutem formas de combater o crime organizado na Favela da Maré

Governo federal e governo do RJ discutem formas de combater o crime organizado na Favela da Maré

Armas de guerra em uma quantidade assustadora. Só em uma imagem são 27 fuzis. Um arsenal nas mãos de bandidos treinados para matar ou morrer. É assim que grupos criminosos se preparam para enfrentar as forças de segurança do Estado. O Fantástico mostrou, no domingo (24), com exclusividade, que soldados do tráfico recebem treinamento de táticas militares no coração de um dos maiores complexos de favelas na Zona Norte do Rio, a Maré, onde vivem 140 mil pessoas – trabalhadores, estudantes, crianças, as maiores vítimas dessa guerra. E isso a poucos metros de uma creche e de cinco escolas. As imagens fazem parte da investigação da Polícia Civil que durou dois anos. A quadra de futebol e a piscina – que poderiam ser usados pela comunidade – são apenas para os traficantes, e viraram campo treinamento em um lugar estratégico: às margens da Baía de Guanabara e a poucos metros das três principais vias expressas que cortam a cidade. No caminho para o principal aeroporto do Rio de Janeiro e perto de um batalhão da Polícia Militar, instalado há 20 anos. Alessandro Visacro, analista de Segurança e Defesa, diz que as imagens revelam uma ameaça para todo o país. “Eles constituem uma ameaça direta à sobrevivência do Estado moderno, do Estado Democrático de Direito. Eles ameaçam os elementos constitutivos, que são povo, território, soberania e finalidade. São os elementos que dão forma ao Estado moderno”, afirma Alessandro Visacro. A polícia identificou 1.125 pessoas nas imagens. Entre elas, os chefes das principais quadrilhas que levam terror aos moradores. A Anistia Internacional diz que este é um dos caminhos para combater o crime organizado. “Trata-se da polícia dedicada ao trabalho de inteligência. A gente só precisa garantir que a segunda etapa seja também notícia boa. E nós não vamos ver aquela tática de guerra que atira e acaba atingindo crianças, acaba impedindo o funcionamento de escolas e de postos de saúde. Que a inteligência continue sendo usada para preservar a vida e para fazer o melhor trabalho de segurança pública”, diz Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil. O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, diz que o governo federal também precisa participar do combate ao crime organizado no Rio. “Não é nossa responsabilidade que não entrem mais armas aqui, que não entre drogas aqui. Isso está entrando pelas fronteiras. As investigações estão acontecendo. Nós tínhamos uma Polícia Civil completamente sucatada que hoje já melhorou demais. Nós não tínhamos softwares, não tinham equipamento, viatura e mais de R$ 1,5 bilhão investido em alta tecnologia para que a gente possa não ser só o Estado do confronto”, diz o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro. O governo do estado e o governo federal ainda estão discutindo como vão agir em conjunto. O ministro da Justiça também reconhece a necessidade de um trabalho integrado. “Estamos trabalhando em um modelo hoje que envolve Forças Armadas, Polícia Federal e estaduais. É importante acentuar que na situação do Rio de Janeiro e de outras cidades brasileiras é impossível resolver o problema da segurança sem o uso da força. É importante acentuar. Porém o uso da força não pode ser irresponsável e sem planejamento”, afirma Flávio Dino. As últimas gravações da investigação foram feitas no fim de 2022. Mas imagens da nossa reportagem no último sábado (23) mostram que bandidos armados continuam circulando entre moradores. Um leva uma metralhadora 0.50, arma capaz de derrubar aeronaves blindadas, acompanhado de outros 17 homens – todos de fuzil. Uma realidade que os moradores enfrentam há quase quatro décadas.

Postagens relacionadas

Cannabis: o que dizem pacientes e pesquisadores sobre uso medicinal da planta

Madonna no Rio; FOTOS

Saia cedo para ver Madonna de perto: veja em MAPAS como chegar a Copacabana e sem perrengue