O procurador-geral da Líbia, Al Seddik Al Sour, ordenou a prisão provisória de oito funcionários do governo do país no âmbito de uma investigação sobre o rompimento de duas barragens, uma tragédia que provocou as inundações fatais de Derna em 10 de setembro.
As oito pessoas, que ocupam ou ocuparam cargos de responsabilidade no departamento de recursos hídricos ou na administração das barragens na Líbia, são suspeitas, entre outras acusações, de “má gestão e negligência”, informa o gabinete do procurador em um comunicado.
O prefeito de Derna, Abdulmonem Al Ghaithi, afastado do cargo ao lado do restante do conselho municipal após a tragédia, está no grupo de pessoas afetadas pela detenção provisória.
As inundações provocadas pela tempestade Daniel deixaram mais de 3.800 mortos na Líbia. O número inclui apenas os corpos enterrados e registrados pelo ministério da Saúde. Até o momento não foram contabilizados os corpos que os moradores sepultaram pouco depois da catástrofe.
As autoridades locais e as organizações humanitárias internacionais calculam que mais de 10 mil pessoas estão desaparecidas.
Afetada pelas divisões desde a queda e assassinato do ditador Muamar Kadhafi em 2011, a Líbia tem dois governos rivais: um com sede em Trípoli (oeste), reconhecido pela ONU e liderado por Abdelhamid Dbeibah, e outro com sede no leste, liderado pelo influente marechal Khalifa Haftar.
O procurador-geral Al Sour anunciou em 15 de setembro a abertura de uma investigação sobre as circunstâncias das inundações.
Ele afirma que a administração das barragens na Líbia apontava fissuras desde 1998 nas duas construções afetadas, mas nenhuma medida foi adotada para reparar os locais.
A investigação visa, em particular, um contrato assinado entre o Departamento Hídrico da Líbia e uma empresa turca para a manutenção das duas barragens e a transferência, em 2014, para esta última de “valores desproporcionais”, apesar de “ter violado os compromissos estipulados” no acordo, segundo um comunicado divulgado pelo procurador.
Um estudo de novembro de 2022 do engenheiro líbio Abdel-Wanis Ashour alertou sobre a possibilidade de “catástrofe” em Derna caso as autoridades não trabalhassem na manutenção das duas barragens.
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