Embora esteja em área considerada segura dentro da cidade sagrada, no Bairro de Kiryat Hayuvel, a rotina da operadora de turismo foi alterada após os ataques do Hamas iniciados no sábado (7) contra Israel. A cada alerta recebido pelo aplicativo de celular, inicia-se uma corrida contra o tempo para se abrigar em local seguro. “A gente tem um minuto e meio para correr. O meu prédio é considerado antigo. Em Israel, prédios dos anos 2000 para cá, são prédios com mamada, um tipo de bunker dentro de cada apartamento. Cada casa tem o seu. Os prédios mais antigos, eles têm o mikláhat, que é um bunker de dentro do prédio para todos os moradores. O meu prédio tem um mikláhat, porém, do lado de fora. A gente tem que sair do prédio para poder entrar nele”. Segundo Rebecca, tios e primos dela que também vivem em Jerusalém estão bem. No entanto, as orações eram para que o irmão de um amigo brasileiro, desaparecido após ataque à rave Universo Paralello, fosse encontrado com vida. Nesta terça-feira (10), o Itamaraty confirmou a morte de Ranani Nidejelski Glazer. “A comunidade é muito próxima. E é muito difícil isso, a gente ver pessoas que a gente se importa, pessoas que a gente gosta, passando por um momento tão difícil”. Rave em Israel onde estava o pai de Alok — Foto: Reprodução ‘Foi assustador’, diz ela sobre alertas em massa Morando em um país com constantes conflitos, mas até então longe deles, Rebecca, que está a aproximadamente 100 km da Faixa de Gaza, relatou também como foi o sábado, primeiro dia dos bombardeios. Rebecca Roter, de 27 anos, nasceu em Juiz de Fora e mora em Jerusalém desde 2022 — Foto: Rebecca Roter/Arquivo Pessoal “Temos aqui em Israel um aplicativo, o Red Alert. É um aplicativo que apita quando tem algum sinal de perigo, quando acontece alguma ou algum míssil entra no país. Ele avisa para gente onde tá o míssil, onde foi, que direção tá indo. E eu acordei às 6h20 da manhã [de sábado] com o celular, que não parava de vibrar. Foi assustador”, detalha. “Desde que eu tô aqui já houve três lançamentos de mísseis em Israel e eu já havia visto o celular tocando, mas não na intensidade que foi tocado. E foi só subindo, a gente foi vendo só os pontos ficando vermelhos em várias e várias cidades. E isso em questão de 15 minutos (…). E começou a tocar, tocar, tocar”. Conforme ela, a primeira reação foi procurar local seguro para se abrigar. E, à medida que o assunto ia repercutindo na internet, avisar a família. Vizinhos de brasileira que mora em Israel se refugiam em corredor de prédio “Tinha acabado de gravar um vídeo para minha família, para os meus amigos, falando ‘olha, eu tô bem, tô segura, estou em casa, passou’. Apertei o enviar, tocou a sirene”, diz ela, que disse ter sido sábado o pior dia. Nesta segunda, embora tenham sido menos notificações no aplicativo, ela relata o disparo de novos mísseis. “A gente ouviu dois booms, dois mísseis interceptados. A segunda vez a gente ouviu sete mísseis interceptados. A gente conseguiu ouvir e contar porque é muito alto e a gente consegue saber, pelo barulho, se ele foi perto ou não”, diz ela, que também relatou destroços caídos em um vilarejo distante a aproximadamente 12 km da casa dela. Juiz-forana Rebecca Roter está em Israel desde o início do ano passado — Foto: Rebecca Roter/Arquivo Pessoal Retorno ao Brasil descartado Embora o governo brasileiro tenha iniciado oferta de voos para retorno de brasileiros, Rebecca diz não ter pensado na possibilidade. O desejo é se manter em Israel. “Eu não vou sair daqui, eu criei a minha vida aqui, eu tenho a minha vida, eu tenho as minhas coisas. Apesar dessa situação toda, apesar do medo dessa situação atípica, ela continua sendo uma situação atípica”. “A segurança que tenho no meu dia a dia é o que me motiva a continuar aqui. É o que me deixa tranquila e que sei que estou num país seguro. É lógico que a gente entende que as situações que acontecem aqui de terrorismo são bem difíceis de lidar. Não é algo que a gente consiga… Ah, ok, passou. Não. Principalmente as de atentados de mísseis, mas a gente acaba que vai acostumando a entender o procedimento disso”. “Tenho tio, tenho primos, e a gente está sempre muito próximo. E aqui fiz muitos amigos que têm a mesma situação que eu, que são novos imigrantes. São pessoas que estão aqui, que alguns não têm família nenhuma. Então a gente fica muito próximo, a gente vira família um do outro”, diz ela sobre a rede de apoio no país. Mapa mostra conflito em Israel — Foto: Arte/g1 Juiz-forana que mora em Israel traz detalhes da guerra após ataques do Hamas VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes
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