O g1 entrou em contato com a Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba), que administra o porto, mas ainda não teve retorno. Em nota, a Defensoria Pública da União (DPU) informou que acompanha os “impactos do avanço da maré provocados pela construção do porto” desde 2020. Há registros de destruições causadas pela erosão desde 2015. Neste ano, as situações foram registradas em São Domingos, São Miguel, Ponta da Tulha, Mamoã, Joia do Atlântico e Ponta do Ramo. Além da construção do porto, que impede a passagem de sedimentos do lado sul para o norte da cidade, outros fatores contribuem para a erosão costeira em Ilhéus. Confira: Porto de Malhado Comparação da faixa de areia em 1960 e em 2012 — Foto: José Maria Landim Dominguez, professor do Instituto de Geociências da Ufba De acordo com o José Maria Landim Dominguez, professor do Instituto de Geociências da Ufba e responsável pelo mapeamento da Bahia no estudo “Panorama da Erosão Costeira no Brasil”, do Ministério do Meio Ambiente, a estrutura impede a passagem da areia do lado sul para o lado norte da cidade. Com isso, há o alargamento de cerca de 300 metros na faixa de areia no sul de Ilhéus e a erosão no norte. A situação pode ser percebida através de imagens de 1960 e de 2012, onde é possível comparar a redução da faixa de areia. [Veja a foto acima] “Quando o porto foi construído, a erosão já estava prevista. Mas naquela época a região era uma fazenda de cocos e quando a cidade foi se expandindo, a situação foi esquecida”, contou. Porto de Malhado, em Ilhéus — Foto: José Maria Landim Dominguez, professor do Instituto de Geociências da Ufba Em nota na quarta-feira (18), a prefeitura de Ilhéus informou que alternativas são discutidas com o Governo Federal, a fim de encontrar uma solução definitiva. Além disso, a prefeitura disse que existe um projeto para evitar novas erosões, mas não especificou qual. Para o professor de Oceanografia da Ufba, Guilherme Camargo Lessa, é possível fazer uma obra para facilitar a passagem de areia entre o norte e sul. Subida do nível do mar e mudança climática Praia em Ilhéus, no sul da Bahia — Foto: Prefeitura de Ilhéus A subida do nível do mar também impacta a erosão costeira, de acordo com o professor de oceanografia Guilherme Camargo Lessa. A situação é um feito acumulativo, que acontece há décadas. “Isso faz com que as ondas consigam levar o sedimento para posições mais altas na praia. Dessa forma, a vegetação que antes ficava na areia é erodida”, contou. Além disso, a mudança climática que acontece em diversas regiões do mundo também pode ser apontada como um dos fatores causadores da erosão costeira. Segundo o professor, a alteração de temperatura provocou um aumento da energia das ondas nas últimas décadas. “Se as ondas estão com uma maior energia, elas têm mais força para levar os sedimentos”, disse. Construções na área da orla Outro fator apontado pelos especialistas são as construções de casas e estabelecimentos comerciais na área da orla. Segundo o professor Guilherme Camargo Lessa, apesar de existirem legislações que impedem construções em determinadas distâncias do mar, muitas vezes elas não são respeitadas. Com isso, quando as marés mais altas do ano acontecem, como as de março, setembro e outubro, esses locais são logo afetados. Veja fotos da erosão: Destruição em uma área residencial em 2020 — Foto: Prefeitura de Ilhéus Destruição em uma área residencial em 2020 — Foto: Prefeitura de Ilhéus Destruição em 2023 — Foto: Prefeitura de Ilhéus Destruição em Ilhéus em 2023 — Foto: Prefeitura de Ilhéus Área costeira em 2023 — Foto: Prefeitura de Ilhéus Veja mais notícias do estado no g1 Bahia. Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻