De acordo com o resultado do trabalho, 26% dos peixes analisados em Rondônia têm altos índices do metal tóxico e são superiores ao limite recomendado pelas regras sanitárias e de saúde. Além disso, a análise de risco relacionada ao consumo de pescado revelou que a ingestão diária de mercúrio ultrapassa a dose recomendada, em uma escala de 6 a 27 vezes. As situações mais graves por contaminação de mercúrio em peixes foram identificadas em rios de Roraima, Rondônia e Acre. Abaixo, veja os níveis de contaminação por mercúrio nos estados na Amazônia: Os pesquisadores apontam que os altos níveis de mercúrio detectados nos peixes da região estão diretamente relacionados com as atividades ilegais de mineração de ouro, que utilizam o metal na separação de sedimentos. Além disso, a construção de barragens, hidrelétricas e a expansão do agronegócio que promovem acúmulo de mercúrio e das queimadas que emitem mercúrio para atmosfera também são fatores que contribuem para a contaminação amazônica. Peixes com maiores contaminações Em Rondônia, a pesquisa se concentrou em pescados vendidos para a população em Porto Velho. Foram 80 peixes (carnívoros e onívoros) coletados, e entre as espécies analisadas, as que tinham maiores níveis de contaminação são: Dourado (média: 1,81 μg/g) Filhote (média: 1,84 μg/g) Babão (média: 2,87 μg/g) Já os das espécies Acará, Bacu e Pirapitinga podem ser consumidas livremente, pois apresentaram níveis de mercúrio próximos de zero. A Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO/WHO) e a Agência de Vigilância Sanitária brasileira estabelecem teor de 0,5 micrograma por grama de mercúrio recomendado para ingestão. Consumo de peixe pela população Durante a pesquisa também foram realizadas análises do impacto dessa contaminação na saúde humana, considerando quatro grupos: homens adultos, mulheres em idade fértil, crianças de 2 a 4 anos, e de 5 a 12 anos. A análise de risco relacionada ao consumo de pescado revelou que a ingestão diária de mercúrio variou de 6 a 27 vezes acima da dose recomendada em todas as faixas etárias. As mulheres em idade fértil consumiram cerca de oito vezes mais mercúrio do que os homens, enquanto as crianças de dois a quatro anos lideraram em termos de risco, consumiram 27 vezes mais mercúrio do que os adultos. Segundo os pesquisadores, é necessário que o governo brasileiro desenvolva políticas públicas e programas voltados para a segurança alimentar das populações mais afetadas e que consomem diariamente o pescado, respeitando a soberania alimentar e o modo de vida de cada região. Peixes consumidos pela população em 6 estados da Amazônia têm contaminação por mercúrio Riscos de ingerir mercúrio A pesquisa aponta que o mercúrio ocupa a terceira posição no mundo em termos de toxicidade entre os poluentes ambientais mais perigosos para a saúde humana. De acordo com os parâmetros de segurança estabelecidos pela agência de proteção ambiental norte-americana (U.S.EPA), praticamente em todos os estados da Amazônia há um risco elevado da população adoecer devido à intoxicação por consumo de peixes contaminados com o metal. A substância pode gerar sérios riscos ao organismo, afetando principalmente o sistema nervoso, e consequências graves quando consumido por grávidas, pois há uma interferência direta na saúde e formação do bebê, bem como em crianças. O estudo aponta que o principal fator para a contaminação dos pescados é o uso dessa substância pelos garimpeiros que atuam ilegalmente. O mercúrio é utilizado para separar o ouro de outros sedimentos e, assim, deixá-lo “limpo”. Depois desse processo, a substância é despejada no ambiente e se acumula nos rios. Outras atividades realizadas por seres humanos, incluindo o desmatamento, a queimada de florestas e a construção de hidrelétricas, também aumentam os níveis de contaminação por mercúrio no meio ambiente. Peixes consumidos pela população em 6 estados da Amazônia têm contaminação por mercúrio