Resumindo a Notícia
Desde o ataque-surpresa do grupo terrorista palestino Hamas a Israel no último dia 7 de outubro, o Hezbollah e o Exército israelense entraram em confronto na fronteira Israel-Líbano.
No domingo (22), o Exército israelense acusou o grupo terrorista libanês de origem étnica xiita — corrente islâmica dominante no Irã — de provocar uma escalada militar. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o Hezbollah cometeria “o erro da sua vida” se entrasse em guerra com o seu país.
O Irã, aliado do Hezbollah e do Hamas, advertiu que o conflito pode se agravar em consequência dos incessantes bombardeios que Israel tem lançado na Faixa de Gaza em resposta ao ataque dos extremistas islâmicos ao seu território, que causou mais de 1.400 mortes.
Desde 7 de outubro, a violência na fronteira entre Israel e o Líbano deixou 40 mortos no Líbano. A maioria das vítimas são do Hezbollah, mas há também quatro civis, incluindo um fotógrafo da Reuters. Quatro pessoas morreram do lado israelense.
No dia seguinte ao ataque lançado pelo Hamas contra Israel, o Hezbollah começou a bombardear posições israelenses a partir do sul do Líbano, ao que Israel respondeu. Até agora, o Hezbollah realizou apenas ataques limitados.
Segundo analistas, muito antes de 7 de outubro, o Hamas e o Hezbollah formaram uma “sala de operações conjuntas” com a Jihad Islâmica Palestina e a Força Al Qods, a unidade de elite da Guarda Revolucionária no Irã, informou à AFP uma fonte próxima ao Hezbollah que pediu anonimato.
Durante anos, esses grupos têm coordenado as suas ações com outras facções palestinas, sírias e outras formações apoiadas pelo Irã, formando o que esses grupos dizem ser o “eixo da resistência”.
De acordo com o analista Michael Young, do Carnegie Middle East Center, o apoio do Hezbollah xiita ao Hamas sunita advém do fato de eles coincidirem ideologicamente na sua oposição a Israel. Young afirma que o “eixo de resistência” sempre tentou “destacar que não é uma estrutura exclusivamente xiita”.
“O Hamas está no centro da questão palestina, que faz parte da identidade revolucionária do Hezbollah e do Irã”, explicou.
O Hezbollah é a força política e militar mais importante do Líbano. O Instituto de Estudos de Segurança Nacional, um grupo de análises de Tel Aviv, estima o seu arsenal entre 150 mil e 200 mil foguetes e mísseis de todos os tipos, incluindo “centenas de mísseis de precisão”.
Em 2021, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, anunciou que o seu partido tinha 100 mil combatentes treinados e armados. O Instituto Israelita de Estudos de Segurança (INSS) contabiliza pelo menos metade.
O governo de Teerã financia o grupo terrorista e fornece armas e equipamento através da Síria.
Desde a guerra de 2006 com Israel, o Hezbollah não tem tido presença militar visível na fronteira entre o Líbano e Israel, de acordo com uma resolução do Conselho de Segurança da ONU. No entanto, especialistas e relatórios relatam posições, túneis e trincheiras escavadas pelo grupo na região e por onde circulam os seus membros.
Durante anos, Hassan Nasrallah repetiu que as armas de precisão à disposição do seu partido são capazes de atingir até Ashdod, uma cidade costeira israelita localizada a norte de Gaza.
Em meados de agosto, ele declarou que o seu partido precisava de “alguns mísseis de alta precisão para destruir uma lista de alvos, incluindo aeroportos […], usinas elétricas e centrais de comunicações, e a usina nuclear de Dimona”.
Hassan Nasrallah não se pronuncia desde o ataque do Hamas em 7 de outubro. Mas a perspectiva de uma provável intervenção terrestre israelense em Gaza preocupa a comunidade internacional, que teme que o conflito se intensifique e envolva outros países, entre eles Líbano, Síria, Irã e Estados Unidos.
Imad Salameh, da Universidade Libanesa-Americana, acredita que o Hezbollah poderá intensificar os seus ataques, embora não queira desviar a atenção do conflito entre o Hamas e Israel.
Para Michael Young, o objetivo do Hezbollah é, por enquanto, “manter as tropas de Israel suficientemente afastadas de Gaza”. Também poderia ter como objetivo “gerar o medo de uma conflagração regional, o que levaria à pressão dentro das Nações Unidas, e talvez até dos Estados Unidos, para pedir um cessar-fogo”, acrescentou.
Quanto à possibilidade de o Irã empurrar o Hezbollah para um confronto direto com Israel, Salameh e Young declararam-se convencidos de que o país “não sacrificará” o grupo terrorista.
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