Onipresença da tecnologia pós-pandemia ‘catapultou’ casos de problemas socioemocionais A conjunção de fatores limitantes, como a rotina sufocante dos pais, restrições impostas pela pandemia e a onipresença da tecnologia, ao alcance das mãos, deflagrou um crescimento exponencial de casos de crianças e adolescentes com algum tipo de problema relacionado à saúde mental, em todo o país. O alerta de um quadro com proporções de ‘saúde pública’ pode ser medido pelo levantamento produzido pela empresa Educa – uma edtech especializada em soluções de ensino de competências socioemocionais – segundo o qual a busca por escolas que ofereçam soluções na área da educação socioemocional apresentou crescimento estratosférico de 316%, somente no primeiro semestre do ano (1S23). Em paralelo, no mesmo período, 250 instituições de ensino incluíram estudos socioambientais em sua grade curricular, contingente bem superior às 60 que o fizeram, no primeiro semestre de 2022 (1S22). Embora seja desconhecido de parcela considerável do público, o trabalho com competências socioemocionais, em favor da promoção de saúde mental nas escolas, está previsto inclusive na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A respeito desse recurso educacional, o educador psicólogo e embaixador e cofundador da Educa, Rossandro Klinjey, avalia que as crianças e adolescentes que lidam com competências socioemocionais, em geral, são pessoas mais apaziguadas, que apresentam melhor rendimento em outras disciplinas. “Alguém que está apaziguado, que não está se sentindo mal, que se aceita, que se respeita, que sabe dizer não, tem foco para estudar. Quando você não lida com essas questões, essas emoções, elas dificultam a sua capacidade, inclusive de se concentrar nas disciplinas essenciais para conquistar esses vestibulares concorridos que as famílias desejam que os filhos alcancem”, assinala. Para melhor entendimento da matéria, a psicopedagoga e neuropsicóloga Tereza Pita esclarece que saúde mental e as habilidades socioemocionais são conceitos relacionados, mas distintos: enquanto a saúde mental se refere ao estado psicológico e emocional de uma pessoa, as habilidades socioemocionais estão associadas às competências de que a pessoa dispõe para lidar com suas próprias emoções e interagir com as demais, de maneira eficaz. “A saúde mental está mais associada à presença ou ausência de condições psicológicas, como transtornos de ansiedade ou à depressão, enquanto as habilidades socioemocionais são aquelas que podem ser desenvolvidas para melhorar a qualidade das interações sociais e o bem-estar emocional”, explica Tereza. Apesar da distinção conceitual, a psicopedagoga esclarece, no entanto, que a saúde mental e as habilidades socioemocionais estão interconectadas: “Uma boa saúde mental pode proporcionar a base necessária para desenvolver habilidades socioemocionais sólidas. Ambos os aspectos são fundamentais para o bem-estar geral de uma pessoa”. Na avaliação de Tereza, o trabalho com a saúde mental pelas instituições de ensino é de ‘extrema importância’, ao frisar que este é, cada vez mais, reconhecido como fundamental ao bem-estar e desenvolvimento dos estudantes. “Abordar a saúde mental contribui para um ambiente escolar mais positivo. Nele, os alunos deverão conhecer o conceito de saúde mental e seus pré-requisitos básicos”.