Em parceria com a Fapesp, Fundação formulará propostas para a segurança pública em São Paulo Com o direito constitucional de ‘ir e vir’ ameaçado, agora não pela pandemia, mas pela escalada da criminalidade, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) decidiu recorrer ao seu ‘braço’ de Inteligência Artificial (IA) para a formulação de propostas de políticas de segurança pública, a princípio, voltadas ao Estado de São Paulo, o mais rico do país e um dos mais afetados pela violência. Na oportunidade, foi instalado o 20º Centro FGV Eaesp – resultante de parceria entre a FGV, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Universidade de São Paulo (USP) e Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) – que deverá reunir pesquisadores e agentes de segurança pública. Por meio do FGV Analytics, serão utilizadas ferramentas de inteligência artificial, visando construir propostas na área de segurança pública. “A instalação de um centro de estudos sobre políticas de segurança é uma excelente notícia tanto para a comunidade acadêmica, como para o setor governamental e a população do Estado”, afirmou o presidente do Conselho Superior da Fapesp, Marco Antônio Zago, durante o evento de lançamento do FGV Analytics, nessa segunda-feira (23), na Escola de Administração de Empresas de São Paulo (Eaesp/FGV). Ao acentuar que iniciativas voltadas para segurança pública são numerosas e necessárias, Zago destaca que ela inclui componentes especiais, como a mobilização da comunidade acadêmica, com o intuito de examinar o problema social sob o olhar da ciência, tecnologia e inovação. “Segurança pública não é responsabilidade exclusiva do Estado. Ela deve ser compartilhada por toda a sociedade, assim como os pesquisadores. Então, faz total sentido que essa iniciativa seja apoiada pela Fapesp. Além disso, o FGV Analytics é um excelente exemplo do novo perfil da Fapesp comprometido com as políticas públicas. Grande parte dos projetos que a Fundação apoia é voltada para descobertas de novos conhecimentos. Mas os projetos de políticas públicas vão além do avanço no conhecimento, pois buscam trazer a solução de um problema, a fim de gerar impacto positivo na sociedade”, destacou o presidente da Fapesp. Mediante o uso de ferramentas tecnológicas, o pesquisador do FGV Analytics, Roberto Speicys manifestou a expectativa de que haja melhoria da eficiência das políticas de segurança pública, em especial, no que se refere à busca de soluções para desafios atuais, como é o caso das áreas de consumo aberto de drogas, regiões conhecidas como Cracolândia. “Essas regiões que são tomadas por usuários de drogas afetam a segurança do cidadão, do comércio e das residências. Uma grande dificuldade de enfrentar e caracterizar essas áreas é mensurar quantas pessoas estão ali, pois é difícil saber com precisão os limites dessas regiões, o que torna desafiador avaliar o impacto das políticas públicas visto que não há visibilidade de como essas ações afetam a realidade na prática”, afirmou Speicys. O pesquisador comentou, ainda, que os estudos do FGV Analytics permitirão a coleta de dados por meio de drones e a utilização de ferramentas de IA para identificação de indivíduos e objetos, em imagens georreferenciadas. Em consequência, o histórico de dados poderá ser utilizado na avaliação dos efeitos de políticas públicas na área de segurança. “Manter o histórico desses dados é fundamental na formulação dessas ações na Cracolândia. Porém, realizar essa coleta de dados periodicamente possui um custo alto. Neste cenário, se a gente automatiza a coleta desses dados por meio da tecnologia torna-se mais viável coletar informações e orientar a formulação de políticas públicas a partir delas”, concluiu o pesquisador do FGV Analytics.