Após recorde de alta no ano passado, o preço médio da cebola registrou o maior recuo entre os alimentos neste ano. Segundo pesquisa realizada pelo Procon-SP e Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o quilo da hortaliça caiu de R$ 11,32 para R$ 4,73, entre dezembro de 2022 e setembro de 2023, queda de 58,2%, no acumulado dos nove meses deste ano. A cebola, por ser uma das principais hortaliças comercializadas e consumidas pela população, tem peso significativo, no grupo de alimentos do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, a inflação oficial do país. No acumulado dos últimos 12 meses, foi o primeiro item do grupo alimentação que mais diminuiu (-35,12%). De acordo com a pesquisa da cesta básica do Procon-SP e Dieese, em setembro de 2022, custava em média R$ 7,29, e passou para R$ 4,73, em setembro de 2023. De agosto para setembro, o preço médio do quilo da cebola baixou de R$ 5,08 para R$ 4,73, recuo de 6,89%. Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a maior queda na média ponderada registrada em setembro ficou para a cebola. A redução foi verificada mesmo com a menor quantidade do produto nos mercados em comparação com os níveis de agosto. “A produção pulverizada pelo país ajuda a explicar os preços mais baixos, condição que permite inferir que a oferta se encontra mais próxima aos centros consumidores, com menores custos de logística, posicionando os preços em patamares mais baixos”, afirma a Conab em boletim mensal. • Clique aqui e receba as notícias do R7 no seu Whatsapp • Compartilhe esta notícia pelo WhatsApp • Compartilhe esta notícia pelo Telegram Nos anos anteriores, com a remuneração baixa, a produção ficou desestimulada. Com isso, houve uma redução da oferta e a cebola se tornou o produto que mais encareceu ao longo de 2022. Com a menor oferta e consumo elevado, a hortaliça foi um dos itens que mais pressionaram o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). O valor do produto avançou 150,42% no ano passado. João Diogo, analista de mercado de cebola do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, explica que a cebola tem uma demanda estável. “Por ser uma cultura de demanda inelástica, ou seja, o consumo é linear, não tem época em que as pessoas comem mais cebola ou deixam de comprar cebola”, afirma Diogo. Por isso, o preço é muito influenciado pela oferta, que é também consequentemente elevada pela área plantada. “Como o preço foi muito alto em 2022, neste ano o produtor aumentou a área empolgado com os resultados do ano passado, e esse aumento de área acabou pressionando o mercado em relação aos preços, que acabaram caindo pela oferta mais elevada”, diz o analista de mercado. Ele cita a ampliação de áreas para a produção, principalmente em São Paulo e no Centro-Oeste. “Aumentos expressivos ocorreram por conta dos bons preços do ano anterior, que neste ano acabaram não acontecendo pelo aumento da oferta e da área nessas localidades”, acrescenta.