Um estudo feito por pesquisadores da Johns Hopkins Medicine constatou que o uso de maconha pode prejudicar células imunológicas cerebrais de adolescentes, importantes para o seu desenvolvimento. • Clique aqui e receba as notícias do R7 no seu WhatsApp • Compartilhe esta notícia pelo WhatsApp • Compartilhe esta notícia pelo Telegram O estudo, publicado no científico Nature Communications, utilizou ratos de laboratório para explorar os impactos do principal composto psicoativo da maconha, o THC. Ali, os pesquisadores encontraram mudanças nas estruturas microgliais. Essas são células imunológicas que atuam diretamente na comunicação dos neurônios, na resposta imunológica e no desenvolvimento saudável do cérebro. Durante a adolescência, esse conjunto de células é responsável pelo desenvolvimento e maturação cerebral relacionados às funções sociais e cognitivas na transmissão entre químicos neuronais. “O uso recreativo e medicinal de maconha está se expandindo rapidamente nos Estados Unidos e no exterior, e os adolescentes são especialmente vulneráveis aos efeitos negativos de longo prazo do THC”, diz Atsushi Kamiya, professor de psiquiatria e ciências comportamentais na Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins. “Sabemos que o THC é psicoativo e a sua concentração nas plantas de marijuana aumentou quatro vezes nos últimos 20 anos, representando um perigo particular para os adolescentes que são geneticamente predispostos a distúrbios psicoativos, incluindo a esquizofrenia.” Os pesquisadores suspeitaram, então, que as mudanças estruturais poderiam alterar as ligações cerebrais e o sistema de mensagens nos cérebros ainda em desenvolvimento dos adolescentes. Para comprovar a hipótese, os cientistas utilizaram ratos com mutações que imitam riscos genéticos para distúrbios psiquiátricos em humanos, sendo comparados com ratos sem tais alterações. Os ratos portadores da mutação apresentam alterações no cérebro com ou sem THC, especificamente nas áreas responsáveis pela emoção, aprendizagem e memória. No período da adolescência dos animais, ambos os grupos foram tratados com injeções únicas diárias de THC ou com solução salina benigna, durante 30 dias. Após esse período, os ratos tiveram três semanas de descanso antes da realização de testes comportamentais para a avaliação do desenvolvimento psicossocial. Entre os testes, foram realizados os de detecção de odores, reconhecimento de objetos, interação social e memória, além do uso de coloração fluorescente para medir a quantidade e como estavam as células microgliais no cérebro dos animais. Os resultados mostraram que os camundongos tratados com THC apresentaram um aumento na morte celular programada, e a redução no número de microglia em camundongos com a mutação genética associada ao uso do THC foi 33% maior do que nos camundongos normais com THC. A redução dessas células foi maior no córtex pré-frontal do cérebro, que é responsável tanto nos ratos como nas pessoas pela memória, comportamento social, tomada de decisões e outras funções executivas. Por estarem envolvidas na maturação neuronal do cérebro, a diminuição de células microgliais saudáveis poderia resultar em mais casos de sinalização e comunicação celular anormais. Desse modo, os ratos geneticamente modificados que receberam THC, tiveram tiveram uma pontuação 40% menor na memória social do que os do mesmo grupo que receberam a solução salina. Kamiya alerta que os resultados dos estudos realizados com ratos geneticamente modificados não podem ser aplicados diretamente ao que acontece no cérebro humano. Mas que estudos em animais sugerem que pode haver efeitos negativos e duradouros do uso de maconha durante a adolescência. “Mais pesquisas são necessárias, mas recomendamos cautela no uso de maconha por adolescentes”, acrescenta Kamiya.