Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, desenvolveram um método mais eficaz de diagnosticar o transtorno bipolar: analisar biomarcadores associados à doença no exame de sangue. • Clique aqui e receba as notícias do R7 no seu WhatsApp • Compartilhe esta notícia pelo WhatsApp • Compartilhe esta notícia pelo Telegram Os resultados foram relatados no científico Jama Psychiatry. De acordo com o estudo, cerca de 1% da população mundial — o equivalente a 80 milhões de pessoas — é afetada pela bipolaridade. No entanto, quase 40% dos pacientes recebem o diagnóstico errado, de transtorno depressivo maior, que, embora possa ter sintomas em comum, necessita de tratamento diferente. “Pessoas com transtorno bipolar passarão por períodos de baixo humor e períodos de muito bom humor ou mania”, afirmou o autor, Jakub Tomasik. “Mas os pacientes muitas vezes só consultam um médico quando estão de mau humor, e é por isso que o transtorno bipolar é frequentemente diagnosticado erroneamente como transtorno depressivo maior.” Para diferenciar os problemas, os pesquisadores resolveram, então, utilizar a combinação de uma avaliação psiquiátrica online e de um exame de sangue. Eles afirmam que o exame é capaz de diagnosticar até 30% dos pacientes, mas se torna mais eficaz quando feito em conjunto com a avaliação psiquiátrica. Eles analisaram dados obtidos pelo estudo Delta, realizado no Reino Unido entre 2018 e 2020, para identificar a bipolaridade em pessoas que haviam recebido o diagnóstico de transtorno depressivo maior nos cinco anos anteriores e ainda apresentavam sintomas. Participaram mail de 3.000 voluntários, que responderam a mais de 600 perguntas da avaliação online — que incluía episódios depressivos passados ou atuais, ansiedade generalizada, sintomas de mania, histórico familiar ou abuso de substâncias. Desses, mil foram selecionados para enviar uma amostra de sangue seco, obtida a partir de uma picada no dedo. Os pesquisadores analisaram 600 componentes biológicos no sangue. Os dados mostraram sinais significativos para a bipolaridade e consideraram fatores de confusão, como as medicações. Entre as principais identificações de biomarcadores, foram encontrados sintomas maníacos ao longo da vida e validados em um grupo separado de pacientes, que recebeu um novo diagnóstico, seja de bipolaridade, seja de transtorno depressivo maior, feito durante o ano de acompanhamento. “As avaliações psiquiátricas são altamente eficazes, mas a capacidade de diagnosticar o transtorno bipolar com um simples exame de sangue pode garantir que os pacientes recebam o tratamento certo na primeira vez e aliviar algumas das pressões sobre os profissionais médicos”, alega Tomasik. Os pesquisadores perceberam que a combinação dos relatos com o teste de biomarcadores melhorou a precisão dos diagnósticos, especialmente naquelas pessoas em que o problema não era óbvio. Eles notaram que, além do diagnóstico, a identificação dos biomarcadores permite a escolha de medicações e tratamentos mais adequados. “Descobrimos que alguns pacientes preferiram o teste do biomarcador porque era um resultado objetivo, que eles podiam ver. A doença mental tem uma base biológica, e é importante que os pacientes saibam que não está na sua mente. É uma doença que afeta o corpo como qualquer outra”, finaliza Tomasik.