Ao todo, o país conta com 12 regiões hidrográficas (RHs), que incluem bacias, grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas próximas, com características naturais, socias e econômicas similares. O critério de divisão das regiões buscou orientar o planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos. Feita pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Divisão Hidrográfica Nacional foi detalhada para um segundo e terceiro níveis, com 54 mesorregiões hidrográficas e 302 microrregiões hidrográficas. “O Brasil é o país com maior disponibilidade de recursos hídricos do mundo. Existe uma grande quantidade de água em rios, mas também uma quantidade significativa de água subterrânea. O problema é que a distribuição de água nos rios é desigual no território”, explica o geógrafo Raul Reis Amorim, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “A bacia do Amazonas, por exemplo, é uma área em que há o maior volume de rios e de água. Agora, a gente está no ciclo de estiagem relacionado ao El Niño, então se você diminui muito ai quantidade de chuva, você diminui a vazão dos rios, que é o que tá acontecendo no Norte”. Nesse sentido, o pesquisador ressalta a importância da relação entre precipitação média do local e vazão dos rios, que é volume de água que passa entre dois pontos por um dado período de tempo. Grandes ou baixas precipitações podem determinar situações críticas como secas e inundações. “Já quando a gente pega as bacia do Atlântico Sul e a região da Bacia do Paraguai e do Uruguai, elas estão tendo muitas inundações pelo mesmo motivo […]. Sendo que, nos últimos quatro o cinco anos, o Sul do país viveu um período de estiagem, os rios estava com baixa vazão, muitos deles secos. Agora houve uma inversão disso”, completa Raul. Nesta sexta-feira, 24 de novembro, é comemorado o Dia do Rio em todo o país. Para a ocasião, o Terra da Gente elaborou um pequeno resumo sobre as 12 regiões hidrográficas brasileiras, com informações da Agência Nacional de Águas. Saiba mais sobre cada uma delas abaixo: A Região Hidrográfica Amazônica ocupa 45% do território nacional, abrangendo sete estados: Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Amapá, Pará e Mato Grosso. Possui uma extensa rede de rios com grande abundância de água, sendo os mais conhecidos: Amazonas, Xingu, Solimões, Madeira e Negro. Segundo dados do INMET, a precipitação média anual na RH Amazônica é de 2.205 mm, cerca de 25% a mais do que a média nacional (1.761 mm). A densidade populacional é cerca de 10 vezes menor que a média nacional, entretanto, a região concentra 81% da disponibilidade das águas superficiais do país. Região hidrográfica é a que possui maior indíce pluviométrico do país — Foto: Banco de imagens ANA A RH Atlântico Leste ocupa 3,9% do território do país, abrangendo quatro estados: Bahia, Minas Gerais, Sergipe e Espírito Santo. Segundo dados do Inmet, a precipitação média anual na RH Atlântico Leste é de 1.018 mm, bem menor do que o valor da média nacional, de 1.761 mm. Grande parte da RH está situada na região do semiárido nordestino, caracterizada por apresentar períodos críticos de prolongadas estiagens e a menor disponibilidade hídrica, dentre as 12 regiões hidrográficas. É formada por um conjunto de bacias costeiras que vertem para o litoral, com uma acentuada diversidade de tamanhos. Tem como principais rios: Vaza-Barris; Barba do Tubarão; Real; Itapicuru-açu; Itapicuru; Inhambupe; Jacuípe; Salgado; Pojuca; Capivari; Paraguaçu; São João; Salto; Gavião; Conguji; Contas; Pardo; Itacambiruçu; Araçaí; Jequitinhonha; Prado ou Jucurucu; Alcobaça ou Itanhaém; Mucuri; Cibrão, e São Mateus. Açude Cocorobó, na Bahia, faz parte da região hidrográfica Atlântico Leste — Foto: Banco de imagens ANA A Região Hidrográfica Atlântico Sudeste ocupa 2,5% do território nacional e abrange cinco estados: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. É a região hidrográfica mais povoada, com densidade demográfica seis vezes maior que a média brasileira. Apresenta alta diversidade de atividades econômicas e significativo parque industrial, sendo também uma das regiões mais economicamente desenvolvidas. É constituída por diversos e pouco extensos rios que formam as bacias integradas dos rios Itapemirim, Fluminense e Paulista, destacando-se os rios Paraíba do Sul, Doce, Ribeira do Iguape, Manhuaçu, Piranga, Pomba, Muriaé, Suaçuí Grande, Santo Antônio, Paraitinga e Peixe. Pontões Capixabas são uma vasta área natural de montanhas em Pancas (ES) — Foto: Banco de imagens ANA A região hidrográfica Tocantins-Araguaia corresponde a 10,8% do território brasileiro, abrangendo seis estados: Goiás, Tocantins, Pará, Maranhão, Mato Grosso e Distrito Federal. Na região, estão presentes os biomas Floresta Amazônica, ao norte e noroeste, e Cerrado nas demais áreas. A precipitação média anual na região é bem menor do que a média nacional e o território possui grande potencial turístico: pesca esportiva, turismo ecológico, praias fluviais, a maior ilha fluvial do mundo (Ilha do Bananal), o polo turístico de Belém, o Parque Estadual do Jalapão (TO) e o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO), reconhecido pelas belas cachoeiras. O Rio Tocantins nasce no Planalto de Goiás, a cerca de 1 mil metros de altitude, sendo formado pelos rios das Almas e Maranhão. Seu principal tributário é o Rio Araguaia (2.600 km), onde se encontra a Ilha do Bananal. A extensão total do Rio Tocantins é de 1.960 km, sendo sua foz na Baía de Marajó, onde também deságuam os rios Pará e Guamá. Rio Araguaia, estado de Goiás — Foto: Banco de imagens ANA RH Atlântico Nordeste Ocidental A Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental ocupa 3% do território nacional, abrangendo quase a totalidade do estado do Maranhão e pequena parcela do Pará. O uso urbano da água é preponderante e estão presentes na região três biomas brasileiros: Caatinga, Cerrado e Amazônico. Segundo dados do Inmet, a precipitação média anual na RH é de 1.700 mm, pouco abaixo da média nacional, de 1.761 mm. Os principais rios da região são os rios Gurupi, Mearim, Itapecuru e Munim. Lago Cajari em Penalva, estado do Maranhão — Foto: Banco de imagens ANA RH Atlântico Nordeste Oriental A região hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental ocupa 3,4% do território nacional, abrangendo seis estados: Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. A densidade demográfica da região é cerca de quatro vezes maior do que a média brasileira. Quase a totalidade de sua área pertence à região do semiárido brasileiro, caracterizada por apresentar períodos de estiagens prolongadas e temperaturas elevadas durante todo o ano. Esta é a região hidrográfica com a menor disponibilidade hídrica do país. Os principais rios da região são o Jaguaribe, Piranhas, Aracaú, Banabuiú, Paraíba, Ipojuca, Una, Apodi e Capibaribe. Os rios Jaguaribe e o Piranhas Açu abrigam os principais açudes da região. Açude de Mamoeiro, no município de Antonina do Norte, no Cariri do Ceará — Foto: Banco de imagens ANA A RH Parnaíba ocupa 3,9% do território brasileiro, abrangendo três estados: Ceará, Piauí e Maranhão. Em grande parte localizada no semiárido brasileiro, caracteriza-se pela intermitência das chuvas, com precipitação média anual muito abaixo da média nacional, chegando a de 1.064 mm. Os principais rios da região são os rios Parnaíba, Canindé, das Balsas, Piauí, Poti, Longá, Itaueira e Uruçuí Preto. O principal uso da água na região é a irrigação. Cachoeira do Riachão, no Parque Nacional de Sete Cidades, estado do Piauí — Foto: Banco de imagens ANA A região hidrográfica São Francisco ocupa 7,5% do território brasileiro, abrangendo sete estados: Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Goiás e Distrito Federal. Os principais rios da região são o São Francisco (2.637 km), das Velhas (689 km), Grande (502 km), Verde Grande (458 km), Paracatu (448 km), Urucuia (381 km), Paramirim (345 km), Pajeú (333 km), Preto (315 km) e o Jacaré (297 km). A precipitação média anual na RH São Francisco está abaixo da média nacional de de 1.761 mm, apresentando frequentes situações de escassez de água. Entretanto, a RH tem importante papel na geração de energia para a região Nordeste. Rio São Francisco, em trecho localizado no estado da Bahia — Foto: Banco de imagens ANA Chamada de Atlântico Sul, a RH ocupa 2,2% do território nacional e abrange parte dos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Destaca-se por ter densidade populacional cerca de três vezes maior que a média brasileira, pelo desenvolvimento econômico e por sua importância turística. Predominam rios de pequeno porte, que escoam diretamente para o mar. As exceções mais importantes são os rios Itajaí e Capivari, em Santa Catarina, que apresentam maior volume de água. Na região do Rio Grande do Sul, ocorrem rios de grande porte, como o Taquari-Antas, Jacuí, Vacacaí e Camaquã, que estão ligados aos sistemas lagunares da Lagoa Mirim e dos Patos. Rio Mãe-Catira, no município de Morretes (PR) — Foto: Banco de imagens ANA A Região Hidrográfica Paraguai ocupa 4,3% do território brasileiro, abrangendo parte dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o que inclui a maior parte do Pantanal-matogrossense, a maior área úmida contínua do planeta. A densidade demográfica da região é cerca de 3,5 vezes menor que a média nacional. Dentre seus principais cursos d’água, destacam-se o Paraguai, Taquari, São Lourenço, Cuiabá, Itiquira, Miranda, Aquidauana, Negro, Apa e Jauru. O rio Paraguai nasce na Serra dos Parecis, no estado de Mato Grosso. Ao longo do seu percurso de aproximadamente 2.582 Km, desde a nascente até a foz (na Argentina), o rio banha margens exclusivamente brasileiras, numa extensão de, aproximadamente, 1.300 km, e compartilha suas margens entre Brasil e Bolívia (48 km) e entre Brasil e Paraguai (332 km). Parque Nacional do Pantanal, que abrange os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul — Foto: Banco de imagens ANA A região hidrográfica do Paraná ocupa 10% do território brasileiro, abrangendo sete estados: São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e Distrito Federal. É a região mais populosa e de maior desenvolvimento econômico do país. Os principais rios da região, com comprimento maior que 500 km, são o Paraná (1.405 km), Grande (1.270 km), Iguaçu (1008 km), Paranaíba (994 km), Tietê (947 km), Paranapanema (819 km), Ivaí (639 km) e Tibagi (522 km). Por isso, possui as maiores demandas por recursos hídricos, tendo como destaque o uso industrial. É também a região com maior área irrigada, maior preocupação em relação à poluição e maior aproveitamento do potencial hidráulico disponível. Cataratas do Iguaçu, munícipio de Foz do Iguaçu (PR) — Foto: Banco de imagens ANA A RH Uruguai ocupa cerca de 3% do território brasileiro, abrangendo porções dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Possui atividades agroindustriais desenvolvidas e grande potencial hidrelétrico. O clima é temperado, com chuvas distribuídas ao longo de todo o ano, mas com maior concentração no inverno (de maio a setembro). Juntamente com as regiões hidrográficas do Paraná e de Paraguai, forma a grande região hidrográfica da bacia do Prata. O rio Uruguai possui 2.200 km de extensão; origina-se da confluência dos rios Pelotas e do Peixe e assume, nesse trecho, a direção leste-oeste, dividindo os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Após a sua confluência com o rio Peperi-Guaçu, apresenta direção sudoeste, servindo de fronteira entre Brasil e Argentina. Após receber a afluência do rio Quaraí, que limita o Brasil e o Uruguai, toma a direção sul, passando a dividir a Argentina e o Uruguai, até sua foz no rio da Prata. Rio Uruguai, na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul — Foto: Banco de imagens ANA VÍDEOS: Destaques Terra da Gente