Lar Brasil ‘Um dia de cada vez’: a luta de bebês prematuros que chegam a nascer com 600 gramas e ficar anos na UTI

‘Um dia de cada vez’: a luta de bebês prematuros que chegam a nascer com 600 gramas e ficar anos na UTI

por admin
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A economista doméstica Maria Custódia Cruz, de 43 anos, conhece bem a sensação de ver o filho nascer antes do tempo. Maria Júlia, hoje com 5 anos, nasceu prematura de 25 semanas e com apenas 675 gramas, o que a classificava como prematura extrema, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A menina veio ao mundo de forma antecipada em 19 de outubro de 2018 e, ao longo de 2 anos, 4 meses e 25 dias, a família, que é de Viçosa, “morou” no Hospital Regional João Penido. Bebê Maria Júlia durante comemoração do aniversário de 1 ano dentro do hospital, em Juiz de Fora — Foto: Maria Custódia/Arquivo Pessoal Outro caso é o de Benício Antônio, que veio ao mundo por meio de uma cesárea de emergência. A mãe, Carina Rodrigues, de 33 anos, deu entrada na maternidade do hospital em julho, com nove centímetros de dilatação e apenas 22 semanas de gestação. Com empenho e experiência da equipe, Carina conseguiu “segurar” a gravidez por mais uma semana até o nascimento do filho. Da barriga para a UTI Maria Júlia aos 5 anos em Viçosa, onde mora com a família — Foto: Maria Custódia/Arquivo Pessoal Maria Júlia, a Maju, como é carinhosamente chamada, foi entubaa ainda na sala de parto e levada imediatamente à UTI neonatal. Durante a internação, foi diagnosticada com enterocolite necrosante e precisou retirar grande parte do intestino, além de ter desenvolvido a síndrome do intestino curto — doença grave e comum em prematuros extremos. Esse distúrbio causa diarreia, má absorção de nutrientes e desnutrição, por isso a internação prolongada, de mais de dois anos. “Ela tem sequelas como atraso na fala, no andar, na audição e convive com a síndrome. Vive com um cateter central para tentar fazer com que ela, pelo menos, mantenha o peso, porque a nutrição dela é muito complicada. Mas hoje está muito melhor, graças a Deus ela tá aqui”, conta a mãe. O pequeno Benício também saiu da barriga da mãe direto para a UTI neonatal da unidade e, superando todas as expectativas, vem evoluindo bem, dia após dia, realizando sessões de fisioterapia e fonoaudiologia. “O ir e vir da UTI neonatal é muito difícil. Entramos pela porta da maternidade querendo sempre uma notícia boa e nem sempre elas são. Tem dias que saio rindo, em outros saio chorando. É um sentimento de impotência”, desabafou Carina, que tem mais três filhos. Hoje, com quase quatro meses, Benício já pesa pouco mais de três quilos. Apesar do medo e do cansaço, a mãe tem a certeza de que sairá da maternidade com o filho nos braços. “Ele é meu ‘milagrinho’. Aprendeu a sugar, está bonito, corado e forte. Ele lutou muito para viver e continua lutando. É um dia de cada vez”, disse a mãe. Prematuridade O bebê é considerado prematuro se o parto acontecer antes das 37 semanas completas de gestação. A prematuridade é classificada da seguinte forma: pré-termo: nascido antes de 37 semanas; pré-termo tardio: entre 34 semanas e zero dia e 36 semanas a seis dias; pré-termo moderado: entre 32 semanas e zero dia a 33 semanas e seis dias; muito pré-termo: entre 28 semanas e zero dias a 31 semanas e seis dias; pré-termo extremo: menor que 28 semanas e zero dia. A prematuridade por si só não é uma doença, mas a imaturidade pode levar ao desenvolvimento de diversas patologias e complicações, como a dificuldade nos reflexos de sucção e deglutição, (que dificultam a amamentação e a nutrição adequada), problemas respiratórios, metabólicos, infecções sistêmicas, alterações neurológicas, hemorragia intracraniana, retinopatia, dentre outras patologias. Importância do pré-natal Um pré-natal e atendimento hospitalar adequados são fundamentais para prevenir um parto prematuro e, consequentemente, todas as possíveis complicações. Por meio do pré-natal é possível prevenir ou detectar problemas, de forma precoce, tanto maternos como fetais. Durante o período de acompanhamento, vários exames de sorologias, glicemias, controles pressóricos, avaliações de dados vitais de mães e fetos são realizados para se evitar o risco da prematuridade, além de serem indicadas pelo menos três ultrassonografias durante a gestação. Em cada fase há um objetivo específico e é possível acompanhar o crescimento do bebê, sua posição no útero, a idade gestacional, identificar possíveis anomalias e prever se aquela gestação necessita de cuidados especiais. VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes

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