Lar Educação Como estimular as formas de comunicação e leitura na Era Digital?

Como estimular as formas de comunicação e leitura na Era Digital?

por Dionisio Freitas
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“Ele sabe ler um gibi sozinho”. Lembro dessa frase dita por minha mãe, quando eu tinha entre 3 e 4 anos. Professora, Dona Cleonice sempre ensinou a mim e a meu irmão que a leitura faria a diferença na nossa forma de interagir com o mundo. Verdade, virei jornalista…. rs   Aprendi a ler de forma lúdica, sem a obrigação imposta e sem doutrina. Minha mãe foi transformando a leitura em algo divertido.   Dia desses lembrei dessa fase ao saber que meu afilhado, de 4 anos, em uma fala espontânea, usou um “pois” com a clássica definição gramatical. E olha, estamos falando de uma geração que transformou as regras gramaticais em abreviações digitais na comunicação espontânea e imediata das redes. Conseguir misturar um “vc” ou um “lgl” com termos linguisticamente corretos como “pois” ou “mesmo quando” demonstra uma estratégia refinada que, de pronto, me soou como exemplo. Ser pai ou mãe é contribuir para que a nova geração possa se enquadrar no avanço tecnológico sem esquecer de onde vêm nossas raízes. Então decidi te contar a paixão do Arthur pela leitura. Acredite, ele conseguiu ler 300 livros aos 4 anos. Mas ele já consegue ler? Lê desde que nasceu? Sim e não. Nem sempre para isso acontecer o esforço tem que ser feito apenas pela criança. Os pais podem usar a ferramenta da leitura compartilhada. O que é isso? A mãe do Arthur explica: “É aquela leitura em que o pai, a mãe ou cuidador se senta com a criança e lê com ela. Nessa leitura, ele vai ler o texto que crianças pequenas ainda não leem, e vai também ajudar a criança na exploração da imagem” explica Rosilene Costa, professora e doutora em Literatura. “É preciso construir esse hábito desde que as crianças são bem pequenas. Aqui na nossa casa a gente começou a construir esse hábito desde que o Arthur ainda era bebê. Na verdade, quando ele estava na barriga, porque eu costumava ler para ele, enquanto ele ainda estava em gestação. Quando ele nasceu, a primeira leitura de literatura infantil foi quando tinha dois meses e, desde então, é um hábito que faz parte do nosso dia a dia. Hoje ele já leu conosco cerca de 300 obras”. Conhecendo um pouco da realidade econômica atual do nosso país, sei bem que muitas famílias não possuem recursos para comprar livros. Uma opção é buscar bibliotecas ou até feiras literárias, onde tem obras que custam cerca de 10 reais. É um caminho. Sei também que muitos pais acham no mundo digital opções simples e mais baratas, isso abre portas para que a criança se familiarize com os benefícios, artifícios e até a informalidade da linguagem da internet. “Aprendem a falar e escrever errado”… você deve estar pensando, mas para não cair nessa armadilha, Rosilene – minha comadre – traz um ponto de vista pedagógico: “Não acredito que seja necessário recriminarmos ou proibirmos a forma de escrita digital, esse é um caminho sem volta. A internet traz uma nova forma para que os jovens escrevam e se comuniquem, contudo, é importante que, principalmente, a escola esteja atenta em ensinar como se usa a norma culta da língua portuguesa. Nós temos diversas normas, a gente tem uma norma que usa na comunicação com nossos amigos e nossos pares. Ela estará nos aplicativos de conversa na internet, nas coisas do cotidiano. E temos a norma culta que é aquela que usamos nos documentos, na comunicação oficial, na redação, em uma entrevista de emprego. Então é preciso diferenciar. A literatura vai nos ajudar nesse sentido, pois auxilia o leitor a diferenciar aquilo que é norma culta e aquilo que é coloquial, a linguagem que usamos cotidianamente”.   Dentro desse contexto é preciso lembrar que para ser atrativa, a leitura precisa de duas coisas: um leitor atento e uma boa escolha literária. O segundo fator é o mais importante, pois, quando a escolha do livro não é boa, isso termina por desestimular o hábito de ouvir ou ler nas crianças. Procure, a depender da idade, textos lúdicos. Não tenha medo de escolher os clássicos ou até os mais modernos. O importante é fazer com que a criança viva o mundo da imaginação e da aprendizagem. As crianças expostas a bons textos literários se transformam em boas leitoras.   “O formato do livro digital está aí, é um formato que existe e que é bem-vindo. Não é porque existe um livro digital que vamos deixar de ter livros impressos, são propostas complementares. Contudo, os estudos dizem que até os dois anos, as crianças não devem ser expostas a telas e mesmo que a gente tenha o celular ou o tablet como material de apoio, o ideal é que as crianças, quando são pequenas, possam manipular o livro. Isso é importante porque o ato de folhear, de mexer, de manipular o livro traz uma experiência sensorial e melhora a coordenação motora fina. Já o uso excessivo de telas não contribui para o desenvolvimento da criança”, salienta Rosilene. Além do exemplo do Arthur, e como no meu caso que li aos 4 anos, a leitura compartilhada e estimulada, desde os primeiros momentos de vida e até a entrada na escola, foi essencial para o processo de alfabetização. O processo de letramento começa quando ouvimos as palavras e mesmo pequenos somos orientados a reproduzi-las. Leitura e estímulo geram a possibilidade de sucesso no aprendizado, além do suporte emocional. “Não existe um momento certo para iniciar, não existe momento exato, existe o momento de iniciar. Se a família iniciou quando a criança era recém-nascida, ou mesmo antes de nascer, como foi meu caso, ou se iniciou quando a criança era um pouco maior, o importante é essa criança ter contato com a leitura. Eu destaco que a leitura compartilhada, além de contribuir para o sucesso escolar da criança, também é uma ferramenta para aproximar pais e filhos, aproximar as famílias”, conclui a mãe do Arthur. Quem quiser conhecer mais sobre as aventuras do Arthur e receber algumas dicas de como desenvolver o hábito da leitura e dos desafios de educar um filho na era digital, pode seguir o perfil da família @estamosaprendendo no Instagram.

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