Preocupada com os impactos ambientais da produção, a família conquistou a certificação que comprova que eles conseguem neutralizar a emissão de carbono da propriedade. “Tivemos a propriedade certificada ano passado e, este ano, conseguimos transferir os créditos de carbono da propriedade para neutralizar a agroindústria para ter o primeiro queijo neutro em carbono”, diz a produtora Roseli Capra. Ao serem embalados, os queijos recebem um selo especial. “É um selo [que mostra] que é o primeiro queijo do Brasil que é neutro em carbono”, contou Roseli Capra. O selo significa que o queijo produzido ali é considerado sustentável. Mas a agroindústria não deixou de emitir carbono na fabricação. Por exemplo, ainda existe a poluição do trator usado para levar o leite da sala de ordenha até a fábrica. Mas esse “saldo negativo” foi compensado por outros positivos ali mesmo, no sítio da família. Os queijos recebem um selo especial ao serem embalados — Foto: Reprodução/RPC Um investimento que contou muitos pontos nessa balança de carbono foi a geração de energia solar, que hoje garante toda a eletricidade consumida na propriedade – é uma fonte de energia limpa e renovável. Outros fatores positivos foram as áreas de preservação com mata nativa, as proteções de fontes de água e a integração entre lavoura e pecuária, com sombreamento das pastagens. A certificação foi feita pela Associação Brasileira de Rastreabilidade de Alimentos (Abrarastro), por meio de um projeto-piloto desenvolvido por uma cooperativa de crédito que analisou a emissão de carbono de várias propriedades da região sudoeste. Fernando Baccarin, presidente da Abrarastro, explica que os produtos capazes de compensar a emissão de carbono na fabricação devem ganhar destaque nos próximos anos e serem mais procurados por consumidores que se preocupam com o meio ambiente. “Em vez do consumidor final comprar créditos de carbono para neutralizar sua pegada de carbono futura, ou seja, o que ele consome diariamente entre viagens, ou o próprio consumo de alimentos, o transporte. Então, basta que ele consuma aquele produto que já é neutro em carbono”, Baccarin diz. “Isso acaba gerando marketing para o produto, dando um diferencial de prateleira. É algo parecido com o que houve décadas atrás com os produtos de selo orgânico. Hoje, é natural ter isso nos supermercados, prateleiras especiais para produtos orgânicos e naturais. E [para] a próxima década, começa a se trabalhar no varejo produtos neutros em carbono.” Leia também O selo tem um QR code que leva a uma página onde o consumidor pode fazer a conta de sua própria emissão de carbono do dia e calcular quanto o consumo de queijo da família Capra compensa nessa emissão. A agricultora Roseli Capra acredita que a iniciativa valoriza o produto dela no mercado. “Muitas pessoas estão vindo aqui na propriedade para conhecer o queijo”, ela diz. “Essa preocupação com as futuras gerações de ter um planeta sustentável, para não agredir tanto o meio ambiente, então já estamos trabalhando nisso e mostrando que a propriedade pode, sim, ser sustentável e também deixar para as próximas gerações esse legado de manter nosso planeta, manter uma propriedade ambientalmente correta.” Vídeos mais assistidos no g1 PR: