Manifestações que impeçam a circulação terão “consequências”, advertiu, nesta quinta-feira (14), o governo de ultraliberal Javier Milei durante o anúncio de um “protocolo antipiquete” que endurece medidas de ordem pública na Argentina.
“As ruas não se tomam… Se tomarem as ruas vai haver consequências”, disse em coletiva de imprensa a ministra de Segurança, Patricia Bullrich. “Vamos colocar ordem no país para que as pessoas possam viver em paz.”
O anúncio ocorre no quarto dia de governo de Milei, que tomou posse no domingo, e a menos de uma semana das manifestações para relembrar a crise econômica e os protestos de 2001, que deixaram 38 mortos devido à repressão policial.
“Vivemos muitos anos em prisão sob uma desordem total e absoluta”, insistiu Bullrich, que, segundo a imprensa, anunciou um plano similar quando exerceu o mesmo cargo no governo do direitista Mauricio Macri (2015-2019).
A ministra disse que todas as forças federais poderão atuar e que se empregará “a mínima força necessária e suficiente” em caso de piquetes, que “será graduada em proporção à resistência”, e adiantou que a força pública poderá requisitar “material” para manifestações, como “cacetetes”, e verificar a identidade de pessoas encapuzadas.
Milei, um libertário de 53 anos, advertiu a população de piquetes e manifestações, parte do DNA da Argentina, um país com fortes movimentos sindicais e sociais. “Quem bloqueia ruas não recebe benefícios sociais”, disse no domingo ao assumir o poder.
“Vamos agir até deixar totalmente liberado o espaço de circulação”, acrescentou Bullrich, anunciando “sanções para aqueles que levem crianças” a protestos, que segundo o governo são usadas como “escudos” contra a força pública.
Também advertiu que “todos os custos vinculados às operações de segurança serão enviados a organizações ou indivíduos responsáveis”. “O Estado não vai pagar pelo uso da força de segurança.”
Há dois dias, o governo anunciou um primeiro pacote de medidas de ajuste econômico, que inclui uma desvalorização de 50% da moeda local e cortes dos subsídios à energia e ao transporte público. Essas medidas, junto com uma taxa de inflação interanual, que supera os 160%, impactarão o poder aquisitivo dos argentinos.
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