Lar Brasil Dos trilhos às flores: conheça o florista que há quase 40 anos trabalha no Centro de Juiz de Fora

Dos trilhos às flores: conheça o florista que há quase 40 anos trabalha no Centro de Juiz de Fora

por admin
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É dali, no contato direto com os clientes e na parceria familiar que ele, Honório, o pai já falecido, o sobrinho e agora a irmã Tereza tocam o negócio. O que nem todos imaginam é que o florista, quando decidiu apostar na ideia, no ano de 1986, tenha realizado uma troca surpreendente: abandonar a carreira de ferroviário para se dedicar à cuidadosa e delicada lida com as pétalas. “Comecei por acaso, mas hoje eu adoro. Não consigo imaginar minha vida longe daqui, sem as flores”, explica ele, que, além da banca, cuida com carinho de algumas espécies em casa. Recentemente, o personagem, integrante da história da cidade, passou a contar com uma novidade que o deixou mais notado: ganhou um mural pintado pela artista juiz-forana Clarisse Hermont e uma bancada para venda das flores. Testemunha ocular da história da Rio Branco Aos 20 anos, com o curso técnico em estrada recém-concluído, o florista, nascido em Ubá, partiu para o Sul de Minas para trabalhar na Ferrovia do Aço. Três anos depois, mesmo com uma oferta de emprego na Bahia, optou por, ao lado do pai, mudar de ramo e investir nas flores em Juiz de Fora. O local de trabalho escolhido foi o entorno da marquise do então Cine Excelsior, hoje guardado somente na memória dos juiz-foranos “Fiz a prova e tudo para ir para a Petrobras, na Bahia, mas eu já tinha começado aqui com meu pai e, como ficou bom, continuei e desisti de lá. Gostei muito de ter ido morar lá [Sul de Minas], embora não tenha sido fácil. Gostei de lá, mas não me arrependo pela troca”, diz ele, que, aos poucos, foi desenvolvendo habilidade na venda das plantas. Nos quase 40 anos de avenida, o florista observou muitas mudanças. “Vi a derrubada de muitas casas. Tinha uma aqui do lado [onde hoje é o Edifício Rossi Rio Branco Corporate], outra que também demorou a ser demolida no outro lado da rua, que depois virou estacionamento, além do trânsito, que era todo diferente”. Com o passar dos anos, até mesmo as datas comemorativas mais importantes e a forma de fazer os pedidos foram mudando. “Antigamente eram muitas flores vendidas no Dia de Finados. Hoje o maior movimento é o Dia Internacional da Mulher. Depois o Dia das Mães, dos Namorados, da Secretaria. Hoje chego em casa por volta das 18h e tenho que desligar o celular, senão o telefone fica chamando direto”. Ponto de vendas repaginado Com a aproximação do Ano Novo, as flores mais vendidas são nas cores branca e amarela. Em um bom mês de vendas, são até 400 dúzias comercializadas para clientes que passam na rua ou para aqueles que fazem encomendas. Para isso, o florista, morador do Bairro Bonfim, chega cedo e encara o ofício com rigor. “O trabalho é diário, cumprindo horário, das 7h às 17h. Mesmo quando não têm flores, venho e fico aqui para dar uma satisfação ao cliente”. Mural foi especialmente desenvolvido para decorar o espaço do florista Zé das Flores — Foto: Clarisse Hermont Perguntado se já pensou em reduzir o ritmo de trabalho ou ampliar o negócio, ele diz que não. “Já tive chance de abrir floricultura, mas não me interessei. Gosto do contato na rua”, explica. Recentemente, com a chegada de novos vizinhos, de um coworking instalado no antigo prédio do Cine Excelsior, seu Zé teve a oportunidade de repaginar o ponto de vendas, ganhando nova bancada, cartões de visitas e um mural temático, desenvolvido pela muralista juiz-forana Clarisse Hermont. “Estou ganhando os parabéns. Foi a menina [Clarisse] que pintou e eu que tô ganhando os parabéns”, diverte-se ao contar. “O pessoal passa, dá os parabéns, compra as flores. Tem gente que vem tirar foto no painel aos domingos. Ficou muito bonito e estou muito satisfeito”. Vizinhos e parceiros Aos 70 anos, já aposentando e com uma vida confortável, o florista diz não conseguir viver afastado do trabalho. “Tenho uma casa na praia, sempre que posso ir para lá, mas não consigo ficar muito tempo longe. Se eu deixar isso aqui, fico doente”, emociona-se ao dizer. Zé das Flores durante venda de seus produtos na Avenida Rio Branco, em Juiz de Fora — Foto: Temasek Coworking/Divulgação Segundo a gerente de marketing da Temasek Coworking, Maria Clara Silva Senra, a paixão do ambulante pelo ofício é um dos fatores que aproximou empresa e ambulante. “Quando a gente comprou o prédio, ele ficou muito apreensivo, porque ele achou que a gente tiraria ele dali. Mas depois que soubemos da vida dele, que está ali há mais de 35 anos, no mesmo lugar, quietinho, em nenhum momento cogitamos que ele saísse. A gente soube que ele estava com os mesmos instrumentos de trabalho há muito tempo. E, como estávamos reformulando o prédio inteiro, modernizamos o espaço dele também”, explica. “Às vezes a pessoa passava e nem via ele ali, mas a força do mural, das cores, traz até mais vida para as flores que ele vende ali. E ele trabalha muito mais feliz. Nossos clientes também entram felizes. Criamos, então, uma relação cordial, que ajuda a todos”. VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes

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