O militante de esquerda Paulo Roberto da Silva Lima, mais conhecido como Paulo Galo, admitiu que roubava as refeições encomendadas por clientes no iFood, aplicativo para o qual trabalhava como entregador em 2021. Naquele mesmo ano, o militante ganhou fama por incendiar a estátua de Borba Gato, em São Paulo. De acordo com Galo, era um “desaforo” ter de entregar refeições cujo preço ultrapassava R$ 500. Isso porque essas cifras seriam equivalentes ao montante gasto pela família do ex-entregador em compras mensais. Leia mais: “A mais recente tentativa de cancelar o passado”, reportagem de Branca Nunes publicada em Oeste “Quanto [sic] o valor ultrapassava 500 reais eu nao [sic] entregava eu levava pra [sic] casa”, escreveu o ex-funcionário do iFood, no sábado 30, em publicação no Twitter/X. “Achava um desaforo ter de entregar um [sic] refeicao [sic] no valor da compra do mes [sic] da minha familia [sic]! Dito isso zero problema de fulano X ou Y gastar o que quiser no app que quiser [sic] cada um lida da sua forma!” Quanto o valor ultrapassava 500 reais eu nao entregava eu levava pra casa, eu achava um desaforo ter que entregar um refeicao no valor da compra do mes da minha familia! Dito isso zero problema de fulano X ou Y gastar o que quiser no app que quiser cada um lida da sua forma! +— Galo (@galodeluta) December 30, 2023 Na mesma publicação, Galo sugeriu ter forjado um acidente para extraviar outra encomenda. O valor da refeição, nesse último caso, seria ainda maior: R$ 700. “Teve uma vez que nem o que comer em casa tinha e saiu um pedido de 750 reais pra [sic] retirar numa cantina italiana e entregar em moema [sic]”, relatou o ex-entregador. “Na quele [sic] dia eu cai [sic] de moto e fui me curar com a minha família [sic]! Lembro de morder o file mignho [sic]: nem foeca [sic] pra martiga [sic] eles faz [sic]! Paz.” Depois da repercussão do caso, Galo dobrou a aposta. “Aquele file mignho [sic] a parmegiana [sic] tava uma delicia!”, disse, referindo-se a uma das mercadorias. “Sem arrependimentos! #galovereador.” A Direita ta brava com o Felipe Neto que pediu 1 e 200 de comida e ta brava comigo que 1 dia comi uma refeicao de 750 reais kkkkkkkk. Tem uns petista no meio bravo tambem! Aquele file mignho a parmegiana tava uma delicia! Sem arrependimentos! #galovereador— Galo (@galodeluta) December 30, 2023 A hashtag no fim da publicação reforça a ideia do militante de esquerda de disputar as eleições em 2024. O plano é tentar uma vaga na Câmara Municipal de São Paulo, cujo orçamento será de R$ 111,8 bilhões no próximo ano — cerca de 16% superior ao aprovado em 2023. Felipe Neto reclama do iFood A declaração de Galo ocorre na esteira da confusão entre o youtuber petista Felipe Neto e o iFood. Na segunda-feira 25, o influenciador digital reuniu os amigos em casa para celebrar o Natal. Ele decidiu encomendar a ceia pelo aplicativo, em vez de prepará-la. Para tanto, gastou R$ 1,2 mil. Mas a refeição não chegou. Leia também: “O incêndio de Borba Gato e o aplauso fanático dos jornalistas”, artigo de J. R. Guzzo publicado em Oeste “Ficamos sem jantar no Natal”, tuitou Felipe Neto. “É assim que o aplicativo opera? Pegaram meu dinheiro e nem abertos estavam!” Em resposta, o estabelecimento-alvo do youtuber explicou que a culpa pela falha seria do iFood, que ofereceu seus serviços sem consultá-los. Naquela data, o restaurante estaria fechado. Quem é Paulo Galo Em 24 de julho de 2021, vândalos atearam fogo na estátua de Borba Gato, em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo. Segundo a Polícia Militar (PM), cerca de 15 pessoas desceram de um caminhão, atiraram pneus próximo ao monumento, acenderam as chamas e fugiram. O ato bloqueou a Avenida Adolfo Pinheiro, de maneira a impedir a circulação de carros e pedestres. Em virtude da interveção do Corpo de Bombeiros, a estrutura do monumento permaneceu intacta. A estátua, inaugurada em 1957, tornou-se alvo constante de atos de vandalismo. Em setembro de 2016, por exemplo, vândalos jogaram tintas coloridas no monumento. + Leia mais notícias de Política em Oeste Em dezembro de 2021, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) condenou Galo pelo incêndio à estátua de Borba Gato. A sentença, do juiz Eduardo Pereira Santos Junior, da 5ª Vara Criminal Central, fixou pena de três anos, um mês e 15 dias em regime aberto. A pena foi convertida para prestação de serviços à comunidade. De acordo com o processo, o réu usou pneus e galões de gasolina para incendiar o monumento. Contudo, não houve danos à estátua nem feridos no ato criminoso. O juiz considerou que o réu extrapolou o direito de expressão e de livre associação. Segundo o magistrado, a “conduta efetivamente colocou em risco não só o patrimônio alheio, mas a vida das pessoas que se encontravam na região”.