Lar Brasil Bailarino da periferia vira servente de pedreiro para seguir sonho: ‘Tinha que ter uma renda para fazer balé’

Bailarino da periferia vira servente de pedreiro para seguir sonho: ‘Tinha que ter uma renda para fazer balé’

por admin
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Ele ainda era criança e morador do Bairro Santa Cruz, na Zona Norte da cidade, quando começou a dar os primeiros saltos rumo a uma carreira como dançarino. “Sempre gostei muito da dança, da arte, porque sempre ia na igreja. Via o pessoal dançando o hino de louvor, encenações da Paixão de Cristo ou algo de Natal. Sempre me interessei em participar”, contou Gabriel. Imagem de comunidade onde Daniel Fagundes dança em Juiz de Fora — Foto: TV Integração/Reprodução O interesse se tornou concreto aos 11 anos, quando Gabriel pisou pela primeira vez em um palco de teatro em uma escola pública do bairro. Cerca de um ano e meio depois, foi a vez dele se arriscar na ginástica olímpica, por onde ficou três anos. Chegou então a mais nova fase da vida dele: a paixão pelo balé. Ela veio após Gabriel assistir vídeos de coreografias e ver a filha da patroa da mãe dele dançando em uma escola. Lá, ele fez um teste e conseguiu ganhar uma bolsa de estudos. O sonho começou a se tornar realidade em pouco tempo, entre 5 e 6 meses, quando ele pela primeira vez teve interesse em participar de uma competição e conseguiu um ótimo 2º lugar. Então, pegou gosto pelas disputas Sempre estava indo em competições, fazendo aula todos os dias, ensaiando todos os dias também. Tudo isso para ter um rendimento, nota e resultado legais no final. — Gabriel Fagundes Participar de outras grandes disputas e ficar no pódio delas, fez Gabriel saber que essa era a profissão que queria. Dançando sobre pedras no caminho Daniel durante uma apresentação de balé para o quadro ‘Fala Comunidade’, da TV Integração — Foto: TV Integração/Reprodução Após o pico da pandemia do Covid-19, que fez ele parar os espetáculos e competições, o dançarino se mudou para Vitória (ES), onde enfrentou alguns dos melhores e mais desafiadores dias. Ele conseguiu vencer torneios, ser destaque em várias deles, dançar inclusive no mesmo palco que Ana Paula Botafogo e Carlinhos de Jesus, grandes nomes da modalidade. Mas também perdeu algumas oportunidades por dificuldades financeiras como viajar para a Bahia onde teria aulas com nomes consagrados da área. Dez meses depois de sair de Juiz de Fora, o bom filho retornou para casa com uma imensa bagagem que lhe ajudou a vencer mais uma competição na cidade. Contudo tanta dedicação e talento ainda não eram suficientes para sustentar ele, realidade dura vivida por diversos artistas. Porém, o que surpreende é como Gabriel contornou a situação. “Trabalhei como servente de pedreiro por uns 3 a 4 meses porque eu tinha que ter uma renda para fazer o balé – tem muitos gastos com sapatilha, figurino, inscrições de festival… infelizmente não tenho um patrocinador e minha família não tem condições de ajudar sempre”, detalhou. Daniel Fagundes fazendo movimento de balé em palco de Juiz de Fora — Foto: Daniel Fagundes/Arquivo pessoal A garra dele e o apoio da mãe foram cruciais: “Tudo que a minha mãe pode me ajudar ela sempre faz, minha família também inteira. Mas minha mãe é o meu porto seguro”. Gabriel não pensou em desistir e com isso novos ares chegaram. A retomada Daniel durante uma apresentação de balé para o quadro ‘Fala Comunidade’ da TV Integração — Foto: TV Integração/Reprodução Em novembro, ele se apresentou em palestra do MV Bill no Teatro Paschoal Carlos Magno, em Juiz de Fora. Para a semana seguinte teve na agenda uma coreografia em um espetáculo que foi convidado a participar como uma das atrações principais. Os próximos passos são imprevisíveis: quem sabe se tornar professor, concorrer em outras grandes competições e até mesmo projetos sociais. “Ano que vem pretendo estar fazendo mais aulas para que possa fazer audições, participar de competições dentro e fora do Brasil também. Tem oito anos que eu faço balé clássico”, concluiu. Em dezembro, Gabriel foi um dos personagens do quadro “Fala Comunidade” do MG1 da TV Integração, ao lado de outros bailarinos pretos da periferia. Veja abaixo. Fala Comunidade: ballet na periferia, vagas para projetos culturais e mais *estagiário sob supervisão de Carol Delgado. VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes

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