Golpistas convocados nas redes sociais chegaram a Brasília em dezenas de caravanas financiadas por terceiros – e se juntaram a radicais acampados em frente ao quartel general do Exército havia meses. O grupo avançou até a Esplanada dos Ministérios escoltado por policiais militares do DF. Muitos confraternizaram com invasores e facilitaram as ações. Os golpistas destruíram o que encontraram pela frente: vidros, móveis, objetos, obras de arte. O ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Anderson Torres, que tinha tomado posse dias antes como secretário de segurança do Distrito Federal, estava na Flórida, nos Estados Unidos. Os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário agiram prontamente, de maneira coordenada, para preservar as instituições e a democracia. Os invasores foram retirados dos prédios públicos, mas deixaram um rastro de destruição. O presidente Lula decretou intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal. Lula estava em viagem ao interior de São Paulo. Naquela noite, ao voltar para Brasília, foi ver a destruição no Planalto. Em seguida, no STF, encontrou a então presidente da Corte, Rosa Weber, e os ministros Dias Toffoli e Luís Roberto Barroso. O ministro do STF relator das investigações sobre os atos antidemocráticos, Alexandre de Moraes, mandou desocupar o acampamento de golpistas e afastou do cargo o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, do MDB, por conduta dolosamente omissiva. No dia seguinte ao caos, o presidente Lula recebeu representantes de todos os estados, inclusive governadores de oposição. Em companhia do presidente da Câmara e de ministros do SFT, todos atravessaram a praça dos Três Poderes numa caminhada histórica. Horas antes, forças de segurança cumpriram a ordem do ministro Alexandre de Moraes e prenderam 1.154 pessoas, que se somaram às 243 presas em flagrante na véspera, dentro dos prédios públicos. No dia 10, Moraes decretou a prisão de Anderson Torres. Na casa de Torres, a polícia encontrou a minuta de um decreto para instaurar um “Estado de defesa” no TSE e mudar o resultado das eleições. Torres disse que o documento não tinha valor jurídico e que seria descartado. Ao longo do ano, houve novas prisões. Hoje, são 71 presos. 30 réus foram condenados a até 17 anos de prisão por crimes como associação criminosa armada, dano qualificado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e deterioração de patrimônio tombado. Os que não participaram de atos violentos firmaram acordos de não persecução penal, com penas mais brandas.