A macabra festa golpista da defesa da falsa defesa da democracia

A macabra festa golpista da defesa da falsa defesa da democracia

O Brasil vive uma espécie de inferno. Imagine uma ditadura travestida de democracia que prende, censura e arruína pessoas em nome de uma falsa democracia e que ainda faz festa pra celebrar a perseguição política e a criminalização da liberdade e da opinião. Não há imaginação. É o que ocorre hoje no país e o que ocorreu no 8 de janeiro de 2024 na cerimônia mais macabra e satânica da história da república, onde se condenou um suposto golpe para condenar a liberdade no país. + Leia mais notícias de Política em Oeste  Abrimos a porta com o mestre de cerimônias do ritual demoníaco. A forma mais macabra de defender a destruição do inimigo é a desconstrução moral dele. Chamá-lo de nazista, por exemplo. Foi o que fez o ministro Alexandre de Moraes, não só com um inimigo, mas com praticamente todo o espectro de brasileiros indignados com a soltura de Lula e outros criminosos condenados pela Lava Jato que voltaram ao poder. Seriam nazistas aqueles que atuaram de maneira direta ou indireta para as invasões do 8 de janeiro, a que o ministro chama de tentativa de golpe. Um golpe sem armas, sem liderança, sem apoio político, militar ou estratégico. Segundo o ministro, todos os que lá estiveram no fatídico dia 8 podem ser considerados nazistas, uma vez que ele e outras autoridades dizem que irão punir financiadores, autores intelectuais, instigadores, etc. Mais artigos de Adrilles Jorge em Oeste Mas quem diabos seriam autores intelectuais ou instigadores ou financiadores de um golpe que não foi golpe planejado? Qualquer um que tenha contestado a identidade da Justiça Eleitoral, por exemplo, qualquer um que tenha postado em rede social sua indignação com uma Justiça parcial nas eleições ou qualquer um que tenha pago uma passagem de ônibus pra uma tia idosa munida de Bíblia na mão que tenha ido protestar em Brasília. Todos, segundo Alexandre, comparáveis a nazistas — para quem o ministro, em uníssono com o discurso do presidente Lula, disse não haver perdão. O que já disse o ministro Alexandre Alexandre de Moraes disse que sua segurança permanece a mesma desde que assumiu a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, em 2014 | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Tudo isso foi dito em comemoração à suposta defesa da democracia numa cerimônia que celebrou a derrocada do suposto golpe que não houve. Suposto golpe e suposta democracia uma vez que por causa do suposto golpe jornalistas, pastor, cacique indígena, humorista, dona de casa, trabalhador, toda sorte de cidadão que esteve ou mesmo não esteve pela Praça dos Três Poderes no dia da arruaça estão sendo censurados, com contas de banco bloqueadas, exilados, perseguidos, ou mesmo presos. “Uma das bases da democracia é o direito de criticar” Adrilles Jorge Em defesa da democracia, um ataque brutal nunca antes visto na história da república às garantias básicas das liberdades constitucionais dadas ao cidadão que são a base da democracia. “Ataque violento ao Estado Democrático de Direito”, dizem os juízes carrascos. Mas invasões já houve, contestação de eleições, de juízes, do Supremo, tudo isto já houve. Críticas, legítimas, agressivas, irônicas ou mesmo levianas são a base da democracia de qualquer país. O ministro Alexandre mesmo já disse no passado que uma pessoa pública estaria exposta a críticas destrutivas ou mesmo levianas ou que não fossem de consenso. Ou seja, uma das bases da democracia é o direito de criticar, estando ou não certa a crítica, posto ninguém ser portador de uma verdade absoluta. O direito à mentira ou mesmo ao auto engano é passe livre num país democrático. A mentira com intenção de prejudicar alguém dá o direito a este alguém de processar o seu caluniador, nos devidos trâmites de um processo legal. Simples assim. Ainda sobre democracia Constituição da República Federativa do Brasil | Foto: Rodrigo Viana/Senado Federal Mas uma democracia não dá — ou não deveria dar — o direito a um juiz censurar previamente ou manter presa indeterminadamente até à morte — como aconteceu com Cleriston da Cunha — uma pessoa presa e deixada morrer por um suposto crime de golpe. Mais: uma democracia não deveria dar o direito de se ameaçar ou pré-julgar pessoas por supostos crimes cuja investigação não terminou. Leia também: “‘Moraes é responsável pela morte de Cleriston’, diz desembargador” Uma verdadeira democracia não deveria dar ensejo a um inquérito interminável que censura e prende pessoas por crimes que sequer existem no Código Penal Brasileiro, como fake news e discurso de ódio. Qualquer indignação ou qualquer opinião que não seja adequada ao esboço do juiz que preside o famigerado inquérito será passível de criminalização. Uma democracia não pressupõe o crime de opinião e de indignação. “Lula disse, por exemplo, que se tivesse perdido as eleições, ministros e autoridades seriam enforcados em praça pública” Adrilles Jorge O ministro ainda aproveitou a festa da inversão da realidade para ameaçar regular a própria internet e redes sociais, que são o último espaço de liberdade hoje no Brasil. Uma ditadura de opinião única partilhada por um governo é um tribunal supremo em que a dissidência é punida com banimento das redes ou até prisão. O mais curioso é que se pode imputar o crime que não existe de fake news às próprias autoridades que querem criminalizar as supostas mentiras alheias ou verdades inconvenientes de seus adversários políticos. Lula disse, por exemplo, que se tivesse perdido as eleições, ministros e autoridades seriam enforcados em praça pública, que só restariam cinzas da Amazônia e da democracia. Ilações de futuro do que não houve em forma de injúria são verdades? O Brasil de hoje Desde o ano passado, Lula classificava verbalmente como ‘genocídio’ a operação militar das Forças de Defesa de Israel (FDI) | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Ao contrário sinais ocorre HOJE no Brasil, o governo passado não prendeu nem perseguiu nem censurou nem prendeu ninguém por crime de opinião ou de indignação. Ao contrário: foi chamado de genocida, nazista, ditador, fascista, racista, perseguidor de gays, negros e mulheres. Nada disto nem de longe ocorreu. Lula é chamado de ladrão por ter sido condenado por corrupção; juízes supremos são chamados de parciais por perseguirem, prenderem e calarem apenas UM espectro político da nação que compreende metade da população brasileira que não votou no petista. É mentira? Leia também: “8 de janeiro: documentário de Nikolas Ferreira tem quase 10 milhões de visualizações” Em nome de uma projeção ficcional de uma suposta futura ditadura, uma ditadura de fato se instalou no Brasil para perseguir quem não comunga com a ditadura brasileira construída em nome da defesa de uma falsa democracia. É o próprio conceito personificado de inferno: quem é justo é perseguido; ladrões condenados com fartura de provas saem das cadeias para voltarem ao poder de onde fizeram o maior esquema de corrupção do mundo; e juízes que deveriam ser justos e imparciais perseguem opositores do governo do presidente corrupto condenado que colocaram novamente no poder. A realidade invertida onde o poder de quem nos deveria proteger ataca o bem mais sagrado de um Estado democrático: a liberdade. O inferno absoluto. Mas provisório. Um inferno humano pode ser construído pela inação. Consentir com a própria tortura é não unir a fé com as obras e ações para tentar fugir deste inferno. Basta o povo novamente na rua clamando por uma real democracia e uma possibilidade — não de céu na terra — mas de uma democracia real — poderá abençoar novamente este país. Ou torná-lo menos maligno. Leia também: “Depois do 8 de janeiro”, reportagem de Cristyan Costa publicada na Edição 198 da Revista Oeste 

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