Lar Brasil A experiência que não deve morrer: relembre cinemas que já funcionaram em Juiz de Fora e como a memória se mantém viva atualmente

A experiência que não deve morrer: relembre cinemas que já funcionaram em Juiz de Fora e como a memória se mantém viva atualmente

por admin
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Para a líder do grupo de pesquisa “Comunicação, cidade e memória (Comcime)”, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Christina Musse, em meados do século XX o cinema já é impactado no Brasil com o surgimento da televisão e expansão deste meio de comunicação, especialmente a partir dos anos 60 e 70. Nos anos 80 a concorrência passou a ser com os videocassetes. Depois, a chegada das televisões por assinatura, que criam um cardápio de opções para o telespectador, e finalmente streaming. “O que nos afeta como pesquisadores é pensar que políticas públicas poderiam incentivar, por exemplo, que tivesse em Juiz de Fora um local de exibição que fosse característico do cinema de rua, transformar em um lugar de convívio para que as pessoas pudessem saber o que foi ir ao cinema, o que foi ter esse hábito, o que foi ter essa experiência”, disse a pesquisadora. Do pioneirismo ao esquecimento A história de Juiz de Fora com a sétima arte é de pioneirismo. A primeira exibição cinematográfica pública no estado de Minas Gerais foi em Juiz de Fora, em 1897, dois anos após a primeira exibição dos irmãos Lumière, em Paris, na França. “Na época a gente não tinha muitas salas de exibição, era um cinema mambembe, mas depois Juiz de Fora constrói vários e vários cinemas, com salas específicas, desde aqueles grandes cinemas do Centro da cidade, até muitos cinemas de bairro”, relembrou Christina Musse. Segundo a pesquisadora, os cinemas maiores exibiam uma programação privilegiada, com grandes sucessos norte americanos, enquanto os cinemas de bairros tinham uma ligação muito intensa com a comunidade, com ingressos mais baratos. “A vida das pessoas se envolvia muito com o cinema e Juiz de Fora foi uma cidade que teve muitos cinemas de rua no Centro, nos bairros e até na zona rural. Teve cineclubes, festivais, então é uma história e uma relação com o cinema que a gente tem que pensar que Juiz de Fora cultivou ao longo de muitos e muitos anos e a gente não deve esquecer”, completou. Apesar dos fechamentos, Musse afirma que o cinema está mais vivo que nunca e defende que as salas de cinema trazem um lado importante da sociabilidade urbana que merece estar ativo. “É totalmente diferente você sair de casa, sentar numa sala com uma porção de pessoas que assistem ao mesmo conteúdo em uma tela sem intervalo comercial e sem ouvir buzina de carro do que você assistir um streaming na sua casa, onde você levanta, o telefone toca, você ouve o barulho da rua, alguém chama pelo interfone e você esta sozinho dentro da sua bolha doméstica”. Por fim, a pesquisadora falou sobre a importância do acesso às novas gerações para que saibam de “como é uma ida ao cinema, que saibam que a Rua Halfel não era formada só por lojas de capinha de celular e sim pelo Cine Palace, Cine São Luiz, entender em que se transformaram esses espaços e porque”. “Será que seriam importante mantermos algum? Tenho certeza que sim, acho que o cinema não morre, mas a maneira de assistir aos filmes mudou completamente e é uma pena que algumas formas não existam mais”. Cinemas que já funcionaram em Juiz de Fora Cinemas em Juiz de Fora 1/16 Cine Veneza exibiu o filme ‘A espera de um milagre’ na última exibição em março de 2000 — Foto: Blog Maurício Resgatando Passado/Acervo Gilson Assis 2/16 Cine-Theatro Popular localizado na Avenida Getúlio Vargas, em Juiz de Fora — Foto: Blog Maria do Resguardo/Arquivo de Humberto Ferreira 3/16 Cine Excelsior, 27 de fevereiro de 1958 — Foto: Blog Maria do Resguardo/Autoria de Eurico Ferreira 4/16 Fachada do Cine Theatro Central com letreiro do Festival — Foto: Blog Maurício Resgatando Passado/Acervo de Símon Eugênio Sáenz Arévalo 5/16 Cine Palace foi vendido para o Banerj em novembro de 1984 — Foto: Acervo Humberto Nicoline/Reprodução 6/16 Cine São Luiz na Praça da Estação em 1977 — Foto: Blog Maurício Resgatando Passado/Reprodução 7/16 Interior do Cine Glória na década de 1960 — Foto: Blog Maria do Resguardo/Reprodução 8/16 Cine Theatro Central, em 1936 — Foto: Blog Maria do Resquardo/Arquivo Jorge Arbach 9/16 Cine Auditorium — Foto: Blog Salas de Cinema de Juiz de Fora/Franco Groia 10/16 Cine Brasil localizado na Rua Inácio Gama, no Bairro de Lourdes 11/16 Cinema São Mateus — Foto: Reprodução/Cinemas de Rua Juiz de Fora 12/16 Cine Paraíso na Rua São Mateus — Foto: Blog Maria do Resguardo/Acervo Simón Eugénio Sáenz Arévalo 13/16 Fachada do Cine-Theatro Paratodos — Foto: Reprodução/Blog Maria do Resguardo 14/16 Cine Rex no Bairro Mariano Procópio — Foto: Autoria de Bastos Barreto/Blog Maria do Resguardo 15/16 Programação do Cine São Caetano em Juiz de Fora — Foto: Blog Maurício Resgatando o Passado/Acervo Humberto Ferreira 16/16 Cine Benfica — Foto: História do Cinema Brasileiro/Reprodução Palco de momentos importantes da história da cidade e, até mesmo, do país, a Rua Halfeld abrigou o conjunto mais luxuoso de cinemas de rua da cidade. O Cine-Theatro Central, o Cine Palace e o Cine São Luiz foram as casas de entretenimento mais imponentes de Juiz de Fora na década de 1950. O Cine-Theatro Glória, ainda que não tivesse o luxo dos demais cinemas, era uma casa de espetáculos importante que abrigou temporadas teatrais de grandes companhias e também solenidades de conclusão de curso de diversos colégios. Grande parte dos cinemas de rua de Juiz de Fora localizavam-se no centro da cidade, como o Cine Excelsior, com grandes estreias, e o tradicional Cine Popular, de João Carriço, que localizado na Avenida Getúlio Vargas direcionava as exibições para o público operário, com ingressos a preços populares. Na história dos cinemas de bairro, o Cine Auditorium e o Cine Benfica eram localizados no Bairro Benfica, zona norte da cidade. O Cine São Mateus e o Cine Paraíso foram importantes casas de exibição cinematográfica no Bairro São Mateus. No Bairro Mariano Procópio, o Cine Rex foi destaque até o fechamento, em 1979. Já no Bairro Borboleta, funcionou o Cine Paratodos, espaço construído principalmente por e para os descendentes de alemães da cidade alta. Cinema HalfeldCinema PharolCine-Theatro PazSalão ParisCine-Theatro Casa D`ItáliaCine-Theatro Coronel PachecoCine-Theatro VariedadesCine GramaCine Real BonfimCine FátimaCine-Theatro FlorestaCine-Theatro Nossa Senhora das Graças Consime O grupo Comunicação Cidade Memória, (Consime) já existe há dez anos e é um grupo de pesquisa ligado ao programa de Pós-graduação em comunicação da UFJF. Um dos projetos desenvolvidos é site “Cinemas de rua JF”, com várias informações sobre quais cinemas funcionaram na cidade, as histórias deles, além de crônicas sobre os cinemas e a experiência vivida. No canal do Youtube são publicados vários episódios que buscam resgatar a memória audiovisual da cidade, reconstruir imaginariamente os trajetos urbanos utilizados por aqueles que tinham o hábito de frequentar os cinemas e como esses trajetos configuraram uma forma singular de ocupação do espaço público. Além disso, o grupo tem um perfil no Instagram com publicações semanais sobre os cinemas que já funcionaram em Juiz de Fora. VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campo das Vertentes

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