O presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo, Marcos Knobel, voltou a repudiar as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra Israel, nesta sexta-feira (23). “O que Lula fala de que Israel é um Estado genocida é um absurdo. O genocídio teve a intenção nas mãos do Hamas, cujo estatuto de criação prega a destruição de Israel e de todos os judeus no mundo”, afirmou. “O que Israel faz é defender a sua soberania nacional, atacando única e exclusivamente o grupo terrorista Hamas, que covardemente coloca mulheres e crianças como escudo humano”, enfatizou. Durante evento no Rio de Janeiro nesta sexta-feira (23), Lula reafirmou sua opinião de que Israel comete genocídio na Faixa de Gaza, “matando crianças e mulheres”, e que é favorável “à criação do Estado Palestino. “São milhares de crianças mortas, milhares desaparecidas. Não estão morrendo soldados, estão morrendo mulheres e crianças. Se isso não é genocídio, não sei o que é genocídio”, disse o petista, completando que “não troca sua dignidade por falsidade”. O comentário ocorre na esteira da crise diplomática com Israel, que se intensificou no último domingo (18), depois que o presidente brasileiro comparou as ações do governo israelense ao Holocausto nazista e a Hitler. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler decidiu matar os judeus”, disse, durante participação na 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, em Adis Adeba, capital da Etiópia. A frase fez com que o governo de Benjamin Netanyahu o declarasse como “persona non grata” no país até que haja uma retratação sobre as declarações. O presidente de Israel, Isaac Herzog, também condenou a declaração do presidente do Brasil. Herzog disse que há uma “distorção imoral da história” e apela “a todos os líderes mundiais para que se juntem a mim na condenação inequívoca de tais ações”. A declaração motivou ainda um pedido novo pedido de impeachment contra Lula. Encabeçado por 134 parlamentares da oposição, o grupo sustenta que houve comprometimento da neutralidade do Brasil após as críticas feitas pelo chefe de Executivo sobre a conduta de Israel no conflito em Gaza. O texto cita os elogios e agradecimentos feitos pelo grupo terrorista Hamas ao governo brasileiro e diz que “nem mesmo nações que pregam a extinção do Estado de Israel foram capazes de proferir tamanha atrocidade”. “A conduta do denunciado consiste na prática de ato de hostilidade contra o Estado de Israel, consistente em declarações de cunho antissemita, comprometendo a neutralidade do país”, diz o pedido de impeachment. Outro fato elencado é o financiamento brasileiro à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente, também conhecida pela sigla UNRWA. A agência perdeu apoio de vários países — como Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Canadá, Itália, Finlândia e Holanda — após suposto envolvimento de funcionários no ataque do grupo terrorista Hamas contra Israel.