O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta sexta-feira (1º) que tem expectativa de retomada das negociações entre o Mercosul e a União Europeia no segundo semestre do ano. “Eu penso que a poeira vai baixar um pouco e os negociadores vão voltar para a mesa”, disse o ministro, acrescentando que um acordo ente os dois blocos vai ajudar a economia brasileira, especialmente o agronegócio. O acordo de livre-comércio é debatido desde 1999, mas ganhou força no último ano, enquanto o Brasil presidia o bloco sul-americano. O acordo pode permitir a empresas brasileiras serem mais competitivas e terem mais espaço no mercado europeu. Além disso, a expectativa é que favoreça instrumentos de diálogo e cooperação política em diversos temas, como mudanças climáticas e segurança pública. Entre os principais obstáculos para a conclusão da parceria, estão exigências ambientais dos europeus e necessidade de maior presença de empresas brasileiras na Europa. Há entraves também nas questões ambientais. Os países da Europa querem a garantia de que a intensificação do comércio entre os blocos não resultará no aumento de destruição ambiental no Brasil e nas demais nações do Mercosul. Em contrapartida, o lado brasileiro é a favor de que não haja distinção na aplicação de eventuais sanções, ou seja, de que ambos os lados sejam penalizados da mesma forma em caso de descumprimento. Haddad também comentou que almoçou com o ministro de Finanças da Argentina no G20, Luis Caputo, durante o G20 e destacou que a necessidade de parceria entre os dois países. “Não podemos deixar de olhar para essa questão, de estados nacionais parceiros há séculos que precisam estar juntos. São economias muito interdependentes e [a Argentina] é o principal parceiro [do Brasil] no Mercosul.” Resultados do PIB Mais cedo, Haddad comemorou a alta do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil no ano passado e afirmou que existe um “bom espaço para crescer” em 2024. A economia brasileira cresceu 2,9% em 2023, impulsionada pelo resultado recorde da agropecuária, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (1º) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). “Olhando para a inflação e olhando para mercado de trabalho, todas as variáveis, nós temos um bom espaço para crescer neste ano, se nós continuarmos, o Congresso ouvindo a Fazenda, negociando os projetos para ir corrigindo as contas públicas que estavam totalmente desorganizadas”, disse. “Organizando as contas públicas de um lado, e a política monetária atuando na mesma direção, nós temos condição de manter a projeção de 2,2% de crescimento nesse ano. Tem gente já falando em mais, mas estamos sendo comedidos nas nossas projeções”, completou Haddad. O ministro da Fazenda admitiu que “o PIB veio bem acima do esperado”. “Nós esperávamos um PIB superior a 2%. Então, fechar em 2,9% é bastante positivo para o Brasil. Passa para o mercado nacional e internacional, para os cidadãos e empresários uma confiança na economia brasileira. Nós continuamos mantendo a projeção de 2,2% para esse ano”, completou. No ano passado, o PIB do país atingiu R$ 10,9 trilhões, um aumento em relação aos R$ 9,9 trilhões de 2022. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pela produção recorde de soja e milho na agropecuária. Além disso, os setores da Indústria (1,6%) e Serviços (2,4%) também registraram crescimento, especialmente devido ao segmento de petróleo e gás na Indústria, e às atividades financeiras e de seguros nos Serviços. O PIB per capita do Brasil aumentou para R$ 50.194, representando um crescimento real de 2,2% em comparação com 2022. Isso significa a média de riqueza gerada por pessoa no país, considerando tudo o que é produzido em todos os setores da economia. O consumo das famílias também aumentou em 3,1% em relação a 2022, impulsionado pela melhoria do mercado de trabalho, com mais empregos, salários reais maiores e uma inflação mais controlada, de acordo com o IBGE.