Belo Horizonte foi a capital que mais esquentou no Brasil em 2023 — Foto: Carlos Eduardo Alvim/TV Globo Belo Horizonte foi a capital brasileira que mais esquentou no país em 2023, de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), do governo federal. A cidade chegou a registrar 4,2ºC acima da média. Brasília (4ºC) e Goiânia (3,6°C) aparecem em seguida. (veja ranking mais abaixo). O estudo analisou a situação dos 5.700 municípios brasileiros, por meio de dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Foram coletadas as temperaturas médias de cada mês de 2023 e cada resultado foi comparado com a média registrada para cada período. As capitais da região central do Brasil foram as que tiveram temperaturas mais acima da média em novembro do ano passado. De acordo com a Cemaden, o El Niño foi a causa desta anomalia. “O ano de 2023 quebrou o recorde mundial como o mais quente desde os primeiros registros em grandes partes do globo. Embora as ondas de calor sejam de três ou quatro dias seguidos, a frequência foi muito acima do normal e foram mais longas que o usual. Isso comprometeu a média mensal, o que é comum acontecer. Mas a causa mesmo é o El Niño, que provocou essa anomalia de temperaturas principalmente em novembro”, explicou a cientista Ana Paula Cunha, uma das responsáveis pelo estudo. Capitais que tiveram as temperaturas mais acima da média em 2023 Cidade Estado Anomalia (°C) Belo Horizonte MG +4,2°C Brasília DF +4,0°C Goiânia GO +3,6°C Cuiabá MT +3,5°C Vitória ES +3,2°C Cidades mais quentes do país Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, registrou o dia mais quente da história do Brasil em novembro de 2023. — Foto: Cristiano Machado/Imprensa MG Municípios do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, foram as que tiveram temperaturas mais acima da média em 2023, segundo a Cemaden. Das 20 cidades com o maior aumento no país, uma é da Bahia e 19 são mineiras — 10 do Norte de Minas, 8 do Vale do Jequitinhonha e 1 da Região Metropolitana de Belo Horizonte. (veja tabela completa abaixo) Cidades que tiveram temperaturas mais acima da média em novembro de 2023 Município Estado Anomalia (°C) Turmalina MG +5,5°C Botumirim MG +5,5°C Capelinha MG +5,4°C Leme do Prado MG +5,4° Veredinha MG +5,4°C José Gonçalves de Minas MG +5,3°C Itamarandiba MG +5,3°C Capitão Enéas MG +5,3°C Riacho dos Machados MG +5,3°C Angelândia MG +5,3°C Serranópolis de Minas MG +5,3°C Nova Porteirinha MG +5,3°C Urandi BA +5,3°C Janaúba MG +5,2°C Porteirinha MG +5,2°C Confins MG +5,2°C São João da Ponte MG +5,2°C Chapada do Norte MG +5,2°C Francisco Sá MG +5,2°C Verdelândia MG +5,2°C Causas e impactos Para a cientista Ana Paula Cunha, é possível relacionar, localmente, o aumento das temperaturas com o desmatamento. Mas, em larga escala, as mudanças climáticas são a motivação para essa alta nas temperaturas. “São processos de escalas diferentes que se combinam. Há partes de Minas Gerais que o fator local interfere. Áreas degradadas, com menos vegetação, que são mais quentes, como é o caso do Vale do Jequitinhonha. Toda energia que entra na terra interage com pouca água no solo e, em vez de evaporá-la, aquece o ar. Esse balanço energético resulta no aumento de temperatura”, completou Cunha. A pesquisadora explicou que os impactos podem não ser sentidos em curto prazo pela capacidade de adaptação dos seres vivos, mas que há limites. “A população, a vegetação, a agricultura conseguem se adaptar, mas essa adaptação tem seus limites. Chega num ponto de impactos irreversíveis. Se continuar aumentando a temperatura, combinado com chuvas reduzidas, teremos um problema mais profundo, de menor oferta de água e sérioe efeitos para a agricultura e o abastecimento”, alertou a cientista. Entenda a crise do clima em gráficos e mapas 2024 não deve ser tão quente Para este ano, a pesquisadora explicou que a tendência é de um verão com temperaturas mais próximas às médias habituais. “A tendência é que o Oceano Pacífico deva resfriar até o final do ano, uma previsão de ocorrência do La Niña em vez do El Niño. Se esse padrão realmente seguir, a tendência é que não seja um verão tão quente”, concluiu. Vídeos mais assistidos do g1 MG