Ela contou ter colocado um tapete no chão do quarto e se deitado na cama, quando viu a aranha subir pela perna dela e, em seguida, foi picada. Com dores, ela foi levada ao Hospital Doutor Adhemar de Barros, onde os médicos constataram que se tratava de uma lesão causada por uma aranha-marrom. Ela ficou internada, passou por tratamento e está bem, assim como a bebê. À equipe de reportagem, a gestante explicou que sempre gostou de aranhas e, por este motivo, tatuou seis aracnídeos pelo corpo. De acordo com ela, são duas nas nádegas, uma na mão, uma na barriga, uma no busto e outra pescoço. Depois de ser picada por uma aranha-marrom e não conseguir andar de dor, Ketisley afirmou ao g1 que não gosta mais dos aracnídeos à mostra no corpo. Nas redes sociais, a mulher brincou com o fato de ter sido picada por um aracnídeo tendo seis tatuagens do animal pelo corpo. “Nem minhas aranhas me deixaram imune”, disse ela. “Era uma dor que irradiava do local da picada e doía no osso”, explicou a gestante. Gestante brincou com o fato de ter sido picada por um aracnídeo tendo seis deles tatuados — Foto: Arquivo pessoal Entenda o caso Assim que viu a aranha-marrom subir na perna, em 5 de janeiro, a reação de Ketisley foi matar o animal e tirar uma foto para tentar identificar a espécie. Em seguida, mesmo sem sintomas, foi até o Hospital Doutor Adhemar de Barros, onde tomou um antibiótico e foi orientada a tomar um remédio para dor. No dia seguinte, a gestante começou a ter reações fortes em decorrência do veneno da aranha. Os sintomas eram manchas vermelhas, dores fortes e coceira intensa pelo corpo. Ela foi internada no hospital em 9 de janeiro. Parte da pele de gestante ficou necrosada em decorrência do veneno da aranha-marrom — Foto: Arquivo pessoal De acordo com a gestante, os médicos acionaram o Instituto Butantan e constataram que tratava-se de uma aranha-marrom. Ela afirmou, porém, que não recebeu o soro antiaracnídico. Em nota, o Hospital Doutor Adhemar de Barros explicou à equipe de reportagem que a paciente não apresentava alterações no quadro clínico e, por este motivo, não entrou no critério do protocolo do Grupo de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo para receber o soro antiaracnídico. Para Ketisley, a maior preocupação era que acontecesse algo com a filha. “Eu fiquei com muito medo e tive crise de ansiedade no hospital com medo de afetar a bebê. Porém, foi feito ultrassom e graças à Deus estava tudo bem”, afirmou. Os antibióticos conseguiram diminuir, mas não acabaram com a necrose. Por este motivo, ela está com uma cicatriz e continua com dores. Grávida foi picada por aranha venenosa após limpar o quarto em Apiaí (SP) — Foto: Arquivo pessoal e Domínio Público (imagem ilustrativa) Aranha-marrom O biólogo Daniel Bortone afirmou ao g1 que aranhas-marrons (Loxosceles sp) não é uma espécie agressiva e não consegue picar humanos. “Os acidentes acontecem quando a pessoa espreme a aranha contra o corpo, assim ocorrendo a inoculação [introdução] da peçonha”, informou. Segundo o biólogo, o recomendado é buscar atendimento médico caso seja picado por qualquer aranha. “Normalmente as pessoas tendem a achar que, por serem pequenas, essas aranhas podem não ser perigosas”. Bortone ressaltou que a ação causada pela peçonha demora a mostrar os primeiros sintomas nos seres humanos. “Quanto antes a pessoa tomar o soro, melhor. O que o acidentado deve fazer é lavar bem o local com água e sabão, beber bastante água e procurar atendimento médico imediatamente. Se possível, levar a aranha em um pote”. Aranha-marrom (Loxosceles gaucho) é uma aranha do gênero Loxosceles. — Foto: Domínio Público Soro antiaracnídico Um estudo conduzido no Hospital Vital Brazil, do Instituto Butantan, publicado na revista PLOS Neglected Tropical Diseases, comprovou que o soro antiaracnídico é capaz de reduzir o risco de necrose na pele, causada pelo veneno da aranha-marrom, principalmente se aplicado nas primeiras 48h após o acidente. Segundo o Instituto Butantan, a necrose no local da picada é uma das manifestações mais comuns do envenenamento. O estudo, segundo o Butatan, foi o primeiro a avaliar, em humanos, a capacidade do soro antiaracnídico de evitar necrose em casos de picada de aranha-marrom. Uma pesquisa anterior com modelos animais havia mostrado que o antiveneno reduzia as lesões necróticas em 30%, mesmo sendo administrado 48h após a injeção do veneno. Dicas para evitar acidentes com aranhas em casa: Sempre olhar roupas antes de vestir e toalhas antes de se secar;Bater os calçados para ver se não há nenhuma dentro;Evitar deixar o lençol e cobertas da cama encostando no chão, que elas podem usar para subir na cama;Vedar vãos de portas e janelas e buracos na parede casa. VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos