Com tantos obstáculos que ainda precisam ser superados, o 8 de março é sinônimo de força e união. E é com essa determinação feminina que Izaura Young inspira e ajuda outras mulheres que, assim como ela, foram vítimas de violência. Em novembro de 2016, em Juiz de Fora, ela foi levada pelo ex-namorado a um motel, onde foi violentada, asfixiada e, após perder a consciência, colocada no banco traseiro do carro. Quando acordou, pulou do veículo em movimento para salvar a própria vida. Apanhou do agressor, mas conseguiu escapar com a ajuda de funcionárias do estabelecimento. Izaura foi vítima de violência doméstica em novembro de 2016 e a partir daí criou o movimento ‘#somostodasizaura’ — Foto: Izaura Yung/Arquivo Pessoal ‘A agressão não me define’ Desde que foi violentada e denunciou o caso para a polícia, Izaura se tornou imagem e voz do movimento “#somostodasizaura”, criado para encorajar e empoderar as mulheres. “Decidi usar minha historia para ajudar outras mulheres que sofrem caladas a violência doméstica. Depois que contei a minha história elas começaram a me procurar nas redes sociais para dividirem relatos comigo muito fortes e impactantes”, disse. Izaura atua como ativista e palestrante no combate à violência doméstica em Juiz de Fora — Foto: Izaura Yung/Arquivo Pessoal Atualmente Izaura atua como ativista e dá palestras sobre o combate à violência doméstica. Com um projeto totalmente voluntário, oferece escuta e orientações sobre onde e como denunciar o agressor com suporte de advogados e psicólogos. Além disso, realiza campanhas de doações de alimentos e roupas para mulheres e os filhos. “Cada uma que confia em mim, eu me curo mais um pouco. Quando comecei a dar palestras e vi as mulheres e adolescentes confiarem em mim suas histórias tão violadas, percebi que não estamos sozinhas e mesmo que às vezes ainda passamos por tantas situações difíceis, acho que quebrar o silêncio nos faz mais forte para seguir em frente”. ‘A maternidade me fez perceber a violência’ Mulher viu na maternidade a força para denunciar violência doméstica — Foto: Maria Paula Oliveira/Arquivo Pessoal Foi com o nascimento da filha Maria Flor que a instrumentadora cirúrgica, Maria Paula Oliveira, passou a enxergar as violências verbais, físicas, psicológicas e patrimonial que sofria ao lado do ex-marido, com quem ficou casada por 10 anos. “Entendi que sofria violência quando a minha primeira filha nasceu, em 2017. Costumo dizer que o amor materno foi tão imerso que percebi que aquilo que vivia há anos não era amor e sim abuso”, contou. Segundo Maria Paula, foi através da maternidade, com estudos sobre violência doméstica, ouvindo outras mulheres e com a própria Izaura que ela conseguiu quebrar o ciclo e se separar, em 2020. “Mulheres precisam ajudar outras mulheres, assim como a Izaura faz. Na época ela me ouvia e me mostrava alternativas para sair de casa. Com dois filhos e pandemia era muito difícil sair, então continuei em casa, mas não permitia mais os abusos, porque mulheres como a Izaura me emponderavam”, relembrou. Hoje, Maria Paula faz parte de comunidades formadas por mulheres e também por mães solo, onde dividem as experiências vividas, as dores e, principalmente, a força para sair de um relacionamento abusivo. “As informações que adquiri mudou tudo pra mim e pros meus filhos. O empoderamento feminino é essencial às vítimas. Hoje vivo uma vida mais leve, sem medo de ser abusada novamente”, finalizou. VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes