LEIA MAIS: Casa ficou destruída após desbarrancamento no bairro Seis de Agosto, em Rio Branco — Foto: Richard Lauriano/Rede Amazônica Acre Além de destruir a casa de Francisca, o desmoronamento também levou um deck de madeira que havia no quintal da casa. Francisca, que morava no local há 14 anos, conta que escutou estalos em uma casa próxima e foi até a janela para ver o que estava acontecendo. Foi quando percebeu o desmoronamento, e precisou correr com o marido para se salvar. “Todo o trabalho da vida toda, tudo que nós tínhamos, tudo, tudo. Foi tudo. Tudo que a gente tinha, perdemos tudo. A única coisa que salvou foi a moto porque estava aqui, embaixo de casa. Só o que sobrou foi a moto, um abismo. Não sei, esperar em Deus, só espero em Deus o socorro, porque com as autoridades ninguém conta não”, desabafa. Desbarrancamento levou deck de madeira que havia no terreno — Foto: Arquivo pessoal O enteado de Francisca, Marcio Melo, relata que comunicou recentemente à Defesa Civil sobre o risco de desmoronamento no local, e pediu que o órgão fizesse uma vistoria, o que segundo ele, não ocorreu. “Eu liguei na Defesa Civil, registrei a ocorrência, insisti, falei, insisti de novo. E isso já faz mais de 48 horas. Infelizmente, eles não vieram aqui. Está aí o resultado do risco geológico que tinha aqui nessa região. Não só aqui, como nas todas as imediações das casas vizinhas, na direita e na esquerda. Infelizmente, eu queria até fazer um apelo para o coordenador da Defesa Civil, para o coronel Falcão, para o prefeito, Tião Bocalom, e para todas as autoridades competentes, para que não aconteça mais isso aqui com outras pessoas”, conta. Francisca Queiroz disse que percebeu barulho em casa vizinha e viu deslizamento de terra pela janela — Foto: Richard Lauriano/Rede Amazônica Acre Em outro trecho atingido pelo desmoronamento, onde funciona o restaurante Quintal do Osvaldo, o desbarrancamento começou por volta das 0h de sexta. O proprietário, Osvaldo Gomes, mora no local há mais de 50 anos, e conta que instalou câmeras quando percebeu sinais de desmoronamento. Por estar localizada próxima ao rio, a região foi uma das mais atingidas pelas águas. Mesmo com o deslizamento de terra, ele afirma que não tem para onde ir e vai permanecer no local. Ele lamenta a situação, mas diz que está acostumado. “Aqui é onde eu tiro meu ganha-pão para sustentar a minha família. Então, não tenho para onde ir. Não tenho outra opção, porque as pessoas gostam daqui, porque é frio, é ventilado, na beira do rio. E o único problema que aconteceu foi esse desbarrancamento, mas foi da natureza. O rio desceu muito rápido, toda vez que desce rápido, pode esperar que desbarranca. Eu já estou acostumado, é uma situação difícil que a gente passa na vida. A gente não está preparado, mas a gente já espera, para que dali a gente mantenha o coração tranquilo”, acrescenta. Deslizamento de terra destrói parte do terreno de restaurante em Rio Branco Segundo o coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, a grande demanda por vistorias aliada ao efetivo atual do órgão pode causar demora no atendimento às solicitações. O coronel Cláudio Falcão ressalta que, mesmo com a demora, as vistorias vão seguir acontecendo e os moradores de áreas de risco serão retiradas desses locais em caso de necessidade. “O que eu vou falar é uma questão de explicação e não uma justificativa. Nós temos, só de casas de pessoas abrigadas, 1.100 vistorias. Além disso, nós temos mais umas 1.000 vistorias também pedidas. Então a Defesa Civil já tem uma demanda acima de 2.000 vistorias e a gente precisa estar em todos os locais. Então, sim, pode ter uma certa demora no momento que é acionado. Nós vamos em todos os lugares. Como eu disse inicialmente, é uma explicação, não se justifica. Nós teríamos que ter muito mais efetivo para poder dar conta de toda essa demanda, mas o fato é que nós vamos aos locais e talvez não rapidamente, como a população precisa e merece, mas nós vamos atender a todos, levar a segurança, orientar, retirar famílias e também isolar áreas que estão oferecendo risco. Isso é um papel da Defesa Civil”, afirmou. Colaborou o repórter Richard Lauriano, da Rede Amazônica Acre. Casas desabam no bairro Cidade Nova com baixa do Rio Acre Problema pós-cheia Casas desbarrancam após vazante do Rio Acre na capital; situação ocorreu nesta quinta-feira (14) — Foto: Ismael Melo/Rede Amazônica Pelo menos duas casas e uma oficina desabaram em Rio Branco , nessa quinta-feira (14), devido à baixa do Rio Acre. Quatro veículos também foram arrastados pela água. Segundo a Defesa Civil Municipal, ninguém se feriu, mas há risco de que mais residências desabem e por isso estão sendo evacuadas. Desde o dia 7 de março, o nível do Rio Acre tem baixado rapidamente. O desabamento aconteceu em um trecho da Rua Poços de Caldas, no bairro Cidade Nova, no Segundo Distrito de Rio Branco. A região, que fica às margens do Rio Acre, foi uma das mais atingidas pela enchente, e agora, com a descida acelerada do nível do rio, que saiu de 17,89 metros em 6 de março para 9,64 metros nesta quinta, registrou o deslizamento. Segundo o coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, tenente-coronel Cláudio Falcão, a área do desabamento já foi isolada. “Toda essa área está comprometida e que nós estamos evacuando agora, tirando as pessoas e tomando as providências para que se mantenha a segurança, especialmente das pessoas. Posteriormente nós vamos adentrar nessas casas para tentar salvar os móveis, mas primeiramente as pessoas. Agora, felizmente, ninguém estava dentro da casa”, disse. Vídeo mostra caminhão em oficina que desabou em Rio Branco Ainda segundo o tenente-coronel Cláudio Falcão, o terreno não tem sustentação e a área já era monitorada por risco de desabamento. Com a cheia histórica, o risco aumentou. “Aqui nós vamos, pelo menos, averiguar um raio de 100 metros laterais do momento aqui do desmoronamento, para que a gente possa ter a dimensão. Mas, pelo menos, aqui na nossa lateral esquerda e lateral direita, nós vamos, pelo menos, evacuar umas 10 casas cada lateral, que dá em torno de 100 metros, para poder manter a segurança das pessoas e fazer o monitoramento permanente aqui nesse instante, da mesma maneira que a gente já teve que tirar algumas”, complementou. Equipes do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Assistência Social do município foram ao local para organizar a logística de retirada das famílias e demais procedimentos de segurança. Júnior Antero, funcionário da oficina que desabou, disse que houve correria no momento em que aconteceu o deslizamento. “Só deu tempo de nós [sic] tirar dois carros e algumas coisas só. [Estávamos] em quatro pessoas. Conseguimos sair por sorte, porque quase que nós [sic] ia junto com a água. Muito rápido, coisa de segundo. Não tinha marca de nada, nem um quebrado nem nada, a terra engoliu do nada. Desceu de uma vez. Foram três veículos [levados no pelo desbarrancamento] dois carros pequenos e um caminhão, [além de] compressor e o maquinário da oficina todinho”, complementou. VÍDEOS: g1