O problema, que começou por volta das 10h, foi causado por uma falha na rede subterrânea da Enel. Hospitais, casas, apartamentos e lojas tiveram de enfrentar o dia de calor sem energia elétrica. Pouco antes das 19h, a energia elétrica foi retomada apenas em algumas regiões. A dona de casa Jane Aparecida precisava de atendimento ortopédico na Santa Casa, mas não conseguiu. “Não atenderam, só fizeram a ficha, não chamaram ninguém. Não funciona painel, os banheiros todos sujos, não tem papel, não tem sabão. Está um verdadeiro caos”. Ao lado do Cemitério da Consolação, doentes renais crônicos que tinham hemodiálise marcada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ficaram esperando a energia voltar. Eles estavam preocupados e revoltados. “Eu estou esperando por uma questão de não desobedecer. Por mim, já tinha ido embora, sei que não vai voltar. Você acha que a Enel vai dizer ‘O coitadinho está lá sem fazer a hemodiálise dele’? Não, não…”, lamentou o técnico em informática Luis Cenise. Apagão afeta bairros na cidade de SP nesta segunda (18) — Foto: TV Globo O apagão também atingiu semáforos da Avenida Angélica e de outras ruas de Higienópolis. Na Faculdade de Medicina da Santa Casa, as aulas foram suspensas. Moradores também reclamaram do sinal de internet nos celulares, que oscilou durante toda a tarde. Pacientes que fariam quimioterapia no Instituto do Câncer Dr. Arnaldo tiveram de voltar para casa. “Não deu pra fazer. [Apenas] amanhã ou na quarta-feira”, disse o motorista José Rodrigues. O Hospital Santa Isabel também operou apenas com as atividades essenciais. Geradores de energia garantiram o básico. Em nota, a Santa Casa informou quer remarcou atendimentos de pacientes ambulatoriais e que utilizou geradores para áreas de internação e emergências. O Hospital Santa Isabel e o Instituto do Câncer não retornaram o contato do SP2. Apagão atinge a região de Higienópolis, Santa Cecília e Consolação — Foto: Claudia Castelo Branco/Arquivo pessoal Na Vila Buarque, Dona Berenice, de 74 anos, recém-operada, precisou subir nove andares do seu prédio para conseguir chegar ao apartamento em meio ao apagão (veja vídeo abaixo). Senhora de 74 anos sobe nove andares em meio a apagão Comércio afetado Em frente à Santa Casa, um restaurante que serve, em média, 120 refeições por dia, não preparou nem 30 nesta segunda (18). O gerente, José Carlos, entrou em contato com a Enel e foi informado de que não havia previsão de retorno. “Os freezers, os sorvetes vão estragar, fora as mercadorias que estão lá em cima. Tem de R$ 700 a R$ 1 mil de sorvete. Vai perder tudo, chegou hoje”, afirmou. Claudinei Schiassi, dono de livraria, conta que seu prejuízo é online: “Nós temos as penalidades pelos market places. A gente atende as vendas online, tem um prazo pra entregar. A gente não consegue emitir nota e não consegue entregar, então vou ser penalizado amanhã por esse atraso, né. Algumas penalidades a gente fica uma semana sem poder vender. Por uma falha que não é nossa, né”. O jornaleiro Paulo Cardoso reclama da prestação de serviço. “Tá tudo descongelado. No escuro, eu vou ter que fechar mais cedo. Desde as 10h30 da manhã. A gente paga energia tão cara. Se ficar um dia sem pagar, eles já mandam mensagem, fazem a maior palhaçada. Na hora de prestar o serviço pra gente, a gente tá assim. Eu estou na escuridão e tenho que fechar”. Semáforo sem luz no Higienópolis após bairro sofrer com apagão nesta segunda-feira (18) — Foto: Claudia Castelo Branco/Arquivo Pessoal Nas redes sociais, usuários reclamaram da situação: “A Enel Distribuição São Paulo informa que, na manhã desta segunda-feira (18), uma ocorrência na rede subterrânea que atende à região de Higienópolis, na capital paulista, provocou interrupção no fornecimento de energia no local. Equipes da distribuidora estão trabalhando para identificar a causa e realizar os reparos. A Enel acrescenta que vai disponibilizar geradores para abastecer um hospital e outros clientes prioritários da região”.