A influência dos exercícios na saúde é inegável, por isso os pais devem incentivar atividades físicas desde cedo, junto a uma alimentação saudável desde a introdução alimentar. Manter esses bons hábitos de forma regular fortalece os ossos e músculos, melhora o sono e as condições respiratórias, estimula os hormônios de crescimento, beneficia a saúde mental e fortalece a imunidade. Além disso, tais costumes ajudam a prevenir a obesidade, problema cada vez mais comum entre crianças e adolescentes, agravado pelo sedentarismo, pela pandemia e pelo aumento do uso de telas na rotina das crianças. Com o incentivo dos pais e amigos, as crianças crescem com a prática de exercícios integrada à rotina, o que pode despertar o interesse em frequentar uma academia. No entanto, é comum ouvir que elas não devem fazer musculação. Mas por que será que isso é proibido para elas? Confira! Crianças na academia: pode ou não? Assim como em todas as questões relacionadas à parentalidade, é importante usar o bom senso e estabelecer limites. Não se trata de uma regra rígida, mas os pediatras geralmente não recomendam a musculação nessa fase mais tenra da vida. A educadora física Vanessa Furstenberger, reforça que: “A Sociedade Brasileira de Pediatria destaca que crianças e adolescentes podem praticar musculação, mas com algumas ressalvas, por exemplo, baixas cargas, trabalho de resistência e força, [mas] não hipertrofia, e também com acompanhamento durante todo o tempo. Além disso, os treinos não podem ser como os de adultos”, enfatiza a especialista. Uma academia não se limita apenas aos aparelhos de musculação. Há uma variedade de aulas que as crianças podem preferir. “Antes da adolescência, exercícios anaeróbicos como natação, dança, judô e futebol são incentivados e muito bem-vindos”, destaca a profissional. No entanto, é crucial que, independentemente da atividade escolhida, ela seja adequada e pensada para o corpo em desenvolvimento dos mais jovens. Nessa fase de formação, é mais interessante para a criança experimentar diferentes atividades esportivas, em vez de se concentrar apenas na musculação na academia, por exemplo. A variedade de atividades ajuda a ampliar o repertório motor das crianças e adolescentes, além de permitir que descubram do que mais gostam, tendo a oportunidade de desenvolver várias habilidades. A partir de que idade as crianças podem frequentar uma academia? Descubra a idade ideal para iniciar seu filho na academia com segurança e saúde, segundo especialistas – Foto: FreePik/Reprodução Em geral, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças e adolescentes de 5 a 17 anos pratiquem 60 minutos diários de exercícios com intensidade moderada a vigorosa. A introdução ao esporte pode começar por volta dos 5 ou 6 anos, dentro ou fora do ambiente escolar, mas sempre de forma lúdica e sem ênfase em treinamento. Segundo Elisabeth Fernandes, pediatra da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), já a musculação ou treino de força é ideal para adolescentes no estágio 4 de Tanner, que ocorre a partir dos 11 anos nas meninas e 12 anos nos meninos. Até esse estágio, ocorre a maturação sexual e o crescimento ósseo quase completos, o que possibilita o ganho de massa muscular. Antes disso, não há ganho significativo de massa muscular e os riscos de lesões musculares e articulares são maiores. “Antes da puberdade, as crianças devem apenas se divertir e não se dedicar a treinos sérios”, afirma o professor Emilson Colantonio, do curso de Educação Física da Unifesp Baixada Santista. Exercícios muito intensos podem afetar o crescimento das crianças? Muitos pais têm dúvidas sobre se a prática esportiva impacta o desenvolvimento dos filhos, especialmente esportes como ginástica olímpica ou natação, nos quais se tem a ideia de que podem interferir no crescimento. A preocupação é válida, mas não se limita apenas a esse tais esportes em particular, e sim à intensidade e volume de qualquer tipo de treino. Isso ocorre porque as crianças estão em um período de crescimento, e o excesso de atividade física consegue causar alterações hormonais, além de aumentar o risco de lesões. Valdomiro de Oliveira, do departamento de Educação Física da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutor em Pedagogia do Esporte, explica que o fechamento das extremidades ósseas, chamadas epífises, pode ser acelerado por cargas de treinamento excessivas. Crianças e pré-adolescentes, segundo ele, não estão preparados para as adaptações necessárias, especialmente em exercícios de força, saltos e giros. Já o professor Emilson Colantonio, doutor em Biodinâmica do Movimento Humano, esclarece que: “A altura final que uma pessoa vai alcançar é determinada geneticamente, independentemente da modalidade física que ela praticar.A natação, uma vez que não propicia nenhum tipo de estresse mecânico e não sofre a ação da gravidade, realmente deixa o aparelho motor livre. Mas não chega a alterar o potencial genético”, afirma.