Lar Esportes Acordo da União com massa falida da Varig pode garantir pagamento a 15 mil trabalhadores: ‘sinto saudade de tudo’, diz aeromoça

Acordo da União com massa falida da Varig pode garantir pagamento a 15 mil trabalhadores: ‘sinto saudade de tudo’, diz aeromoça

por admin
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Segundo a Advocacia-Geral da União (AGU), a medida deve beneficiar 15 mil trabalhadores da Viação Aérea Rio-Grandense. Uma delas é a ex-comissária de bordo Renata Martins Daniel, que ainda guarda os uniformes e as malas que usava no antigo emprego. “Sinto saudade de tudo”, diz a aeromoça. Antigo avião da Varig exibido em Porto Alegre — Foto: Reprodução/RBS TV Renata ficou 19 anos na empresa. Em 2006, quando a Varig parou de voar, ela saiu sem receber nada, nem mesmo o fundo de previdência complementar que pagou por anos. “No começo, eu chorava. Eu não ia pra aeroporto, porque eu não podia ver avião. Agora, tô tranquila. Se eu receber meu dinheiro, vou ficar mais tranquila ainda”, diz a aeromoça. Renata Martins Daniel, ex-comissária de bordo da Varig — Foto: Reprodução/RBS TV Espera A indenização chega 30 anos depois de uma ação judicial movida pela própria Varig contra o governo federal, questionando a política tarifária que congelou os preços das passagens entre 1985 e 1992. Agora, parte desse dinheiro vai pagar as dívidas trabalhistas e o fundo de garantia de cerca de 15 mil ex-funcionários da companhia aérea. O governo federal promete fazer o pagamento em precatórios, ou seja, com títulos da dívida pública, em 2025. O presidente do Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre, Celso Klafke, afirma que R$ 1 bilhão deve ir para o fundo de garantia de créditos trabalhistas. Já para o fundo de garantia, serão R$ 560 milhões. “É uma boa notícia o pagamento dos trabalhistas da Varig. São muitos anos dessas pessoas esperando os seus créditos”, fala. Aviões da Varig e da Gol circulam pelas pistas do aeroporto de Congonhas, em São Paulo — Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE Fundo de previdência Ex-funcionários da Varig devem receber direitos trabalhistas em 2025 Aproximadamente R$ 2 bilhões vão ficar reservados para uma outra ação, movida em 2003 e ainda a espera de uma decisão judicial. No processo, o Sindicato dos Aeronautas e representantes dos aposentados e pensionistas da Varig alegam falta de fiscalização do governo federal sobre o Aerus, o fundo de previdência complementar da companhia. O Aerus quebrou, deixando milhares de ex-funcionários em receber os benefícios pelos quais contribuíram ao longo de anos de trabalho. Em 2014, a Justiça determinou que o governo federal passasse a depositar R$ 50 milhões mensais para pagar os beneficiários do Aerus. O engenheiro aposentado Carlos Vicente Savi passou oito anos recebendo só 10% do que tinha direito pelo Aerus. “Eu cortei plano de saúde, não tinha jantar fora, não tinha passeio. Foi difícil, mas, como diz outro, a gente aprende a caminhar nas pedras”, lamenta. Dos quase 33 anos na Varig, ficaram as fotos e os certificados de reconhecimento pelo trabalho, além da saudade de uma época que não volta mais. “Dá aquela melancolia, a gente vai ali ver um parque, daquele ali, a gente diz atirado às traças, podia estar botando aviões a voar por esse mundo como era, mas… Fica a lembrança”, fala Carlos. Engenheiro da Varig mostra certificados que recebeu — Foto: Reprodução/RBS TV Varig: fundação, auge e decadência A Viação Aérea Rio-Grandense foi fundada em 1927 pelo alemão Otto Ernst Meyer em Porto Alegre. Anos depois, já sob o comando de Rubem Berta, a companhia expandiu suas rotas e dominou o mercado brasileiro – com os apoios dos governos do RS e federal. A empresa operou com modernas aeronaves e era conhecida pelo luxuoso serviço de bordo, com pratos como caviar e churrasco servidos aos passageiros. A Varig também operou diversas rotas internacionais, com destinos em 36 países. Atendimento de bordo em avião da Varig — Foto: Arquivo/RBS TV Os sinais de declínio começam em meados dos anos 1980. Assim como diversas empresas brasileiras, a Varig sofreu com a maxidesvalorização do cruzeiro, com a hiperinflação e com a sequência de crises econômicas. Além disso, a abertura do mercado, em 1992, trouxe concorrentes à gigante gaúcha. Com dívidas e custos em dólar, a empresa acumulou passivos no final do século 20. A crise na Varig atingiu a operação a partir de 2003. A empresa não pagava o “aluguel” dos aviões e teve sua frota confiscada aos poucos. Sem dinheiro para operar, a empresa pediu recuperação judicial em junho de 2005. A companhia, que chegou a ser a maior da América Latina, com 20 mil funcionários, teve a falência decretada em 2010. Ao todo, 12 mil pessoas ficaram sem emprego e sem receber direitos trabalhistas. Avião da Varig — Foto: Reprodução/TV Globo VÍDEOS: Tudo sobre o RS

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