Lar Educação Nota zero: Projeto de Lei obriga ensino do tupi nas escolas

Nota zero: Projeto de Lei obriga ensino do tupi nas escolas

por Patricia Lages
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Os políticos brasileiros não cansam de dar demonstrações explícitas de seu total descolamento da realidade do país e de torrarem o dinheiro do contribuinte em projetos de lei absolutamente inúteis e que mais parecem piadas. É o caso do PL 273/24, de autoria do deputado federal David Soares (União-SP), que torna obrigatório o ensino do tupi, incluindo a exigência na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Ou seja, escolas de norte a sul do país terão de espremer na grade curricular (já repleta de disciplinas que mais doutrinam do que ensinam) uma língua que não acrescenta nada à vida prática dos alunos, mas que, obviamente, gerará mais gastos aos cofres públicos. Segundo a Agência Câmara de Notícias, para Soares, o tupi “contribuiu para a unidade política do país, forneceu milhares de palavras para a língua portuguesa do Brasil e é referência da identidade cultural brasileira”. Nós sabemos no que o tupi contribuiu há centenas de anos, mas a pergunta é: em que contribuiria atualmente diante de um cenário onde os estudantes brasileiros mal sabem interpretar textos em português? O Brasil ocupa as últimas colocações do Pisa (sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) desde que o programa existe, em todas as disciplinas avaliadas: matemática, leitura e ciências. Mas ignorando completamente a realidade, o PL de Soares quer inflar o currículo escolar com um idioma praticamente extinto e absolutamente inútil. A quem interessa que esse tipo de projeto seja aprovado? A quem interessa desperdiçar tempo e recursos com coisas irrelevantes e sem qualquer aplicação prática? A quem interessa fazer o país andar para trás quando já estamos suficientemente atrasados? Por que, em vez disso, nossos políticos não se preocupam com o número assustador de analfabetos funcionais e com o fato de que oito de cada dez famílias brasileiras estão endividadas porque simplesmente não sabem como os juros compostos atuam e nunca aprenderam a lidar com o próprio dinheiro? O problema é que, por outro lado, temos uma população que não está preocupada com esse tipo de coisa. No Brasil, os assuntos de maior interesse giram em torno de futebol, fofoca, reality show e todo tipo de “chocalho” que tira a atenção do que realmente importa. Que futuro terá um país onde grande parte dos cidadãos vota mal, não se importa com o que acontece na política (apenas se envolve em narrativas que os torna idiotas úteis) e que só pensa em fim de semana, churrasco e cerveja? O Brasil realmente está se consolidando como o país do futuro, mas de um futuro nada promissor, fruto de um plano de poder que vem sendo construído há muito tempo bem debaixo de nossos narizes. Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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