Lar Brasil Ato que marca 60 anos do golpe militar reúne familiares em Juiz de Fora: ‘Que isso não aconteça nunca mais’, diz irmã de torturado

Ato que marca 60 anos do golpe militar reúne familiares em Juiz de Fora: ‘Que isso não aconteça nunca mais’, diz irmã de torturado

por admin
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A cidade mineira foi o ponto final da Marcha Reversa realizada do Rio de Janeiro (RJ) a Juiz de Fora (MG). As caravanas foram recebidas por políticos, lideranças sindicais, familiares do ex-presidente João Goulart e outras personalidades. Mais de mil pessoas estiveram na Praça Antônio Carlos. Cartaz lembra Fernando Santa Cruz, desaparecido em 1974 durante a ditadura — Foto: Ana Clara Ciscotto/g1 O ato desta segunda também foi uma homenagem às pessoas que, na ditadura, lutaram pela democracia. A pernambucana Maria Auxiliadora Santa Cruz esteve presente para lembrar do irmão, Fernando Santa Cruz, que era estudante de direito na Universidade Federal Fluminense e saiu de casa para encontrar um amigo militante da Ação Popular Marxista Leninista (APML). Os dois desapareceram em 1974. Na época, Fernando tinha um filho de dois anos. Maria se mudou para o Rio de Janeiro para buscar pelo irmão e a mãe chegou a ir em Brasília. A história da busca da família por Fernando deu vida ao livro “Onde está meu filho?”, estampado em um cartaz na praça Antônio Carlos. Segundo a família, em 2012, por meio da Comissão Nacional da Verdade (CNV) ficou comprovado que Fernando e outros 11 estudantes foram torturados, mortos e incinerados na Casa da Morte. “Quando Fernando desapareceu a gente começou a procurar, a denunciar, e não parou nunca. Estar aqui hoje é lembrar toda a luta da nossa mãe. Nós queremos saber da verdade, queremos que os torturadores sejam presos, sejam julgados, é isso que a gente quer. E que isso não aconteça nunca mais. Nunca mais”, disse Maria Auxiliadora. Maria Auxiliadora Santa Cruz, irmã de Fernando, participou de ato em Juiz de Fora — Foto: Ana Clara Ciscotto/g1 O casal Luís Carlos Torres Martins e Rita Ragone Martins também participaram do ato. Luís era militante e em 1963 participou do último congresso oficial da União Nacional dos Estudantes (UNE). No ano seguinte participou de um comício de operários em Além Paraíba e ao saber que era procurado, fugiu para uma fazenda. Depois, foi para Ouro Preto, onde ficou mais 30 dias escondido. “Dois amigos que estavam no comício foram presos, e um deles, Lauro, morreu torturado. Ele levava pancadas de toalha molhada no rim”, relembrou Luís. Luís Carlos Torres Martins e Rita Ragone Martins — Foto: Ana Clara Ciscotto/g1 Marcha refez caminho inverso das tropas Polícia Militar observa manifestação na antiga Reitoria da UFJF, no Centro de Juiz de Fora — Foto: Roberto Dornelas/UFJF Com carros e ônibus foi realizado nesta segunda o caminho inverso das tropas, que saíram da cidade mineira sob comando do general Olympio Mourão Filho e derrubaram o governo do até então presidente João Goulart, que estava no Palácio das Laranjeiras, na capital fluminense. A marcha saiu da praça da Cinelândia, no Rio de Janeiro e realizou uma parada em frente ao Bairro Quitandinha, na entrada de Petrópolis. Na cidade da região serrana está localizada a chamada Casa da Morte, um dos centros de tortura usados na ditadura. O prédio será tombado e, ali, instalado um Centro de Memória. Já a segunda parada ocorreu sobre a ponte do Rio Paraibuna, na divisa do Rio com Minas Gerais, nos municípios de Comendador Levy Gasparian (RJ) e Simão Pereira (MG). No local, que foi ocupado pelas tropas na década de 1960, houve um ato em defesa da democracia e da paz. *estagiária sobre supervisão de Victória Jenz. LEIA MAIS SOBRE O ASSUNTO: VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes

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