‘É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã’, cita juiz ao condenar empresa a indenizar estoquista chamado de ‘viado’ em MG

‘É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã’, cita juiz ao condenar empresa a indenizar estoquista chamado de ‘viado’ em MG

“Viado não vai para o céu”. Foram essas as palavras que, segundo a Justiça do Trabalho, o estoquista de uma empresa de vendas a varejo de Muriaé, na Zona da Mata mineira, ouviu de um colega de trabalho durante o expediente. Compartilhe no WhatsAppCompartilhe no Telegram Segundo o juiz Marcelo Paes de Menezes, o trabalhador foi vítima de discriminação no ambiente de trabalho por ser homossexual e, após o ocorrido, a empresa não apresentou uma proposta para desfazer ou remediar a discriminação e o impacto causado na vida do ex-funcionário. Na sentença, o magistrado condenou a empresa a pagar R$ 50 mil de indenização por danos morais ao rapaz. No processo, uma testemunha contou que o estoquista, ao reclamar da conduta do colega de trabalho, além de não receber acolhimento, foi advertido sobre a possibilidade de dispensas dele e do colega que o ofendeu. “Foi discriminado e sofreu uma espécie de revitimização”, destacou o julgador. Valores da igualdade e do amor ao próximo Na decisão, o juiz citou renomados autores literários e personalidades com o objetivo de fazer um paralelo entre os valores da igualdade e do amor ao próximo e a discriminação sofrida pela vítima. “[…] o sonho da igualdade dá ensejo à desesperança e desilusão”. Segundo o magistrado, a leitura de ‘Cem Anos de Solidão’, de Gabriel Garcia Marques, é importante para compreender a situação retratada o enredo e que “a vida imita a arte…” Ao fazer referência à obra ‘Grandes Sertões: Veredas’ de Guimarães Rosa, o magistrado disse: “Se não houvesse nenhuma lei no mundo para permitir o enfrentamento da discriminação, o juiz deveria buscar inspiração nas palavras que o grande Guimarães Rosa colocou na boca do jagunço Riobaldo. ‘A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem’”. Citando o discurso de Martin Luther King e o sonho da igualdade, o juiz ressaltou que é triste constatar que o sonho da igualdade, em pleno século XXI, parece cada vez mais distante. “A sociedade contemporânea grita por um mundo livre de discriminações. E se a discriminação toma como foco a liberdade sexual, redobrada censura merece a conduta daquele que discrimina”, destacou na sentença. Em referência a trecho da música “Pais e Filhos, da banda Legião Urbana, o magistrado ressaltou: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”. VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes

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