Caso mais recente ocorreu no Irã, quando uma jovem de 16 anos foi espancada até entrar em coma por violar as regras islâmicas
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Mais um caso que envolveu a chamada “polícia da moralidade” do Irã chocou o mundo nesta semana. A jovem iraniana Armita Geravand, de 16 anos, foi agredida na capital, Teerã, por ter violado as regras do uso do hijab, o véu islâmico, e está em coma, em estado crítico de saúde. O caso aconteceu no domingo (1º) e foi denunciado por ativistas de direitos humanos do grupo Hengaw na quarta-feira (4). A seguir, outras vezes em que a polícia da moralidade agiu com violência e chocou o mundo, não só no Irã, como em outros países muçulmanos
Reprodução / Redes sociais
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Em 13 de setembro de 2022, a jovem iraniana Mahsa Amini, que veio a se tornar símbolo da resistência contra a violação dos direitos das mulheres, foi detida pela polícia da moralidade, sob a acusação de infringir o código de vestimenta feminino ao deixar uma mecha de cabelo à mostra. Mahsa entrou em coma e morreu três dias depois do ocorrido no hospital. O Irã afirmou que a jovem morreu devido a uma doença, mas a família da vítima afirma que ela era perfeitamente saudável e teria morrido após ter sido espancada
Delil Souleiman/AFP – 25.9.2022
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Em vídeo que se tornou viral em abril de 2018, outra jovem iraniana, que não teve o nome revelado pela mídia, foi violentamente espancada pela polícia da moralidade em um parque. Segundo a rede de notícias Al Jazeera, antes de ser agredida, a jovem foi abordada por policiais femininas e policiais masculinos pelo fato de não estar usando o hijab e trocou insultos com os agentes. Uma das policiais é ouvida ao chamar a jovem de “animal”, enquanto a adolescente a chama de “ignorante” e “sem vergonha”
Reprodução / Redes sociais
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Em outubro de 2018, uma jovem indonésia de 21 anos foi chicoteada com o namorado diante de uma multidão por terem sido flagrados “próximos” um do outro. A humilhação pública ocorreu na cidade de Banda Aceh, em Achém. No país, as pessoas podem ser açoitadas até 200 vezes por uma série de condutas, desde consumir bebida alcoólica até homossexualidade. O crime de estar “muito próximo” do sexo oposto pode acarretar de dez a 25 chicotadas. Mais de 90% dos 255 milhões de habitantes da Indonésia declaram-se muçulmanos
AFP
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Em dezembro de 2017, uma jovem da Arábia Saudita foi agredida pela polícia da moralidade pelo simples fato de estar sentada do lado de fora de uma loja em um shopping. Segundo o portal de notícias New Arab, o irmão da vítima disse que ela estava sentada à porta da loja quando foi abordada pelos agentes. Eles pediram à jovem que voltasse para dentro, mas ela se recusou a fazê-lo, porque era funcionária e precisava esperar que seus supervisores a chamassem. Após uma breve discussão, a vítima foi brutalmente espancada. Ela chegou a ter a mandíbula e as unhas quebradas e teve que ser hospitalizada
Reprodução / Redes sociais
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Atualmente, a polícia da moralidade está presente em cinco países: Irã, Afeganistão, Indonésia, Nigéria e Arábia Saudita. Enquanto no Irã, no Afeganistão e na Arábia Saudita a polícia da moralidade atua em todo o território nacional, na Indonésia e na Nigéria, ela fiscaliza a moralidade somente em algumas localidades. Na Indonésia, a polícia da moralidade atua principalmente em Achém, província semiautônoma que impôs uma legislação baseada na Sharia (a lei islâmica), em 2001. Na Nigéria, a polícia da moralidade atua sobretudo em Kano, antiga metrópole muçulmana
Shafiullah Kakar / AFP – 04.10.2023
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