Conforme dados do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre 18h e 23h59min, foram contabilizados 3.104 raios. O número é muito além do normalmente observado em temporais, segundo o coordenador do Elat/Inpe Osmar Pinto Junior. “Em tempestades normais são algumas centenas, em torno de 100 a 300 raios. Acima de mil já é considerado muito alto. Três mil é muito elevado”. Para efeitos de comparação, um estudo feito pelo próprio Elat/Inpe com dados de 2011 a 2020 identificou os recordes diários de raios nos municípios do Brasil. Neste estudo, o maior número registrado em Juiz de Fora no período foi no dia 28 de fevereiro de 2016, quando foram 4.690 raios. “Juiz de Fora já fica em uma região tradicionalmente com muito número de raios e a tendência é de que a situação se intensifique na primavera e, depois, com a chegada do verão”, explica o pesquisador do Elat/Inpe. Interferências do El Niño Segundo o especialista, a influência do El Niño, fenômeno meteorológico que eleva as temperaturas, determina mudanças nos padrões de transporte de umidade e, consequentemente, impacta também no número de raios. “Estamos ainda no início da primavera, estação que normalmente o volume de raios é menor. A ocorrência maior é no verão, mas o El Niño tem uma mão nesta história. Principalmente porque atingiu a categoria de El Niño forte – na divisão entre fraco, médio e forte”, explica. “A tendência, então, é de aumento na umidade do ar, favorecendo as tempestades, efeito que deve ir até janeiro. Não podemos descartar que esses números altos venham a se repetir”. Formas de se proteger O especialista também destacou dados da outra pesquisa realizada pelo Inpe, que apontou que 20% das mortes causadas por raios no Brasil acontecem dentro de casa. “Para se ter uma ideia, este percentual é entre 1% e 2% nos Estados Unidos. É preciso estar muito atento não somente nas estradas, nas áreas livres e em locais de matas. Você pode ser atingido também dentro de casa”, destacou. Conforme ele, a pessoa deve evitar falar no telefone com fio, não usar o celular ligado na tomada, não tomar banho e manter-se afastado da geladeira. “Evite ficar em contato com qualquer objeto ligado à rede elétrica ou à rede telefônica”, explica o pesquisador. Outras orientações de proteção, de acordo com a Defesa Civil: Não retire nem coloque roupa em varais de arame durante a tempestade;Evite aglomerar-se na hora da chuva, pois a corrente elétrica pode passar de uma pessoa para outra sem que elas se toquem;Não trabalhe em cercas, alambrados, linha telefônicas ou elétricas e estruturas metálicas;Não manipule materiais inflamáveis em recipientes abertos;Não permaneça dentro d’água durante as tempestades;Permaneça longe de portas e janelas;Desconecte da antena externa o televisor, assim você estará reduzindo danos;Use o telefone somente em uma emergência, os raios podem alcançar a linha telefônica aérea;Ao sentir carga elétrica em seu corpo (caracterizada por eriçamento do cabelo e formigamento da pele) jogue-se ao chão. Dicas para áreas externas: Se você estiver viajando, permaneça no automóvel, pois ele oferecem excelente proteção contra raios;Se tiver de fazer uma longa travessia de barco, tenha especial atenção. As canoas são um dos lugares mais expostos que existem;Com mau tempo, evite árvores altas, picos desprotegidos, campos abertos e ou mesmo praias e piscinas;Se for apanhado em céu aberto, evite árvores isoladas, faça do corpo uma “bola com pés”, acocorando-se com eles o mais junto possível. Não toque com as mãos no chão;Afaste-se de objetos metálicos, especialmente armações de tendas e barracas ou cercas de arame, uma vez que se trata de bons condutores;Não operar tratores ou máquinas, especialmente, para rebocar equipamentos metálicos. VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes