Lar Saude Alimentação biogênica e lavagem intestinal ganham adeptos para emagrecimento; veja riscos

Alimentação biogênica e lavagem intestinal ganham adeptos para emagrecimento; veja riscos

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De tempos em tempos, surgem novas “febres” que prometem emagrecimento rápido e natural. Duas dessas práticas — a alimentação biogênica e o uso de enemas (lavagem intestinal) — de fato podem ter benefícios para a saúde em alguns casos, mas médicos alertam que não devem ser utilizadas como alternativas para a perda de peso. • Clique aqui e receba as notícias do R7 no seu WhatsApp • Compartilhe esta notícia pelo WhatsApp • Compartilhe esta notícia pelo Telegram A base da alimentação biogênica é composta de alimentos que “geram a vida” e são consumidos in natura. Ela inclui grãos, cereais, leguminosas cruas, ervas e hortaliças germinadas ou em forma de brotos. Essa abordagem se deve ao fato de que, durante o processo de germinação, esses alimentos estão repletos de substâncias e nutrientes, uma vez que estão em pleno crescimento. No entanto, quando são cozidos ou passam por outro tipo de preparação, há uma perda dessa capacidade nutritiva. Já o enema é uma lavagem do intestino através de uma solução via sonda retal que, geralmente, é utilizada para a eliminação de toxinas ou de resíduos. No entanto, a introdução do café pelo ânus — prática polêmica divulgada nas redes sociais — não possui comprovação científica e ainda pode causar sérios problemas à saúde. Confira a seguir os benefícios, os cuidados e os principais riscos para a saúde de cada um desses hábitos. Alimentação biogênica A alimentação biogênica é utilizada há muitos e muitos anos, desde quando as pessoas não tinham à disposição alimentos processados e industrializados para consumo. Ela se baseia em duas regras principais: o consumo de alimentos germinados (vivos) e o uso de energia viva, proveniente de hortaliças, frutos, grãos e legumes. São os chamados “alimentos vivos”, que devem ser 100% naturais, orgânicos, crus e em sua forma mais pura. Entretanto, essa dieta altamente restritiva apresenta riscos e requer certa cautela para preservar a saúde. Um desses cuidados é a inclusão do consumo de proteínas e suas respectivas vitaminas. Além disso, é essencial manter-se bem hidratado, pois trata-se de uma alimentação com baixa ingestão calórica, o que pode favorecer a desidratação. “Evitar alimentos industrializados e privilegiar alimentos in natura e orgânicos é bem saudável, porém isso deve ser realizado com acompanhamento de um profissional de saúde, para evitar deficiências nutricionais”, alerta a médica nutróloga Andrea Pereira, que atua no Departamento de Oncologia e Hematologia do Hospital Israelita Albert Einstein, com pós-doutorado em andamento pela FM-USP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).  Os benefícios da alimentação biogênica incluem a ingestão de alimentos mais nutritivos e livres de resíduos químicos, o que contribui para a saúde, aumentando o nível de energia, melhorando a digestão e fortalecendo o sistema imunológico. A perda de peso, no final das contas, seria um bônus. Desde que, claro, combinada com a prática regular de atividades físicas. Outro ponto importante, explica a médica, é que esse tipo de alimentação não deve ser visto como uma dieta, mas sim como uma abordagem em que o indivíduo busca ingerir opções naturais, orgânicas em sua forma mais natural possível. “Como não existe comprovação científica para esse tipo específico de dieta, a utilização da alimentação biogênica deve ser seguida com acompanhamento médico correto e individualizado. É importante esclarecer que toda dieta restritiva pode levar à perda de massa muscular ou a deficiências nutricionais, caso não esteja bem balanceada por um profissional da área de nutrição”, pontua Pereira. Enema não deve ser usado para emagrecimento Outra prática que tem ganhado espaço entre aqueles que desejam eliminar alguns quilos extras é o enema, lavagem intestinal ou “chuca”, como é popularmente conhecida. Essa técnica consiste na lavagem do reto com a instilação de líquido por via anal. Não é difícil encontrar postagens nas redes sociais de pessoas defendendo e até mesmo realizando o procedimento várias vezes por dia, sem indicação ou supervisão médica. No entanto, não há comprovação científica do uso de enemas como complemento auxiliar no emagrecimento. “É verdade que nas pessoas constipadas, nas quais há também sensação de distensão abdominal, o enema faz evacuar e eliminar gases, dando a impressão de ‘desinchar’ o abdômen. Porém o procedimento não tem papel no emagrecimento”, esclarece a médica proctologista Marleny Novaes Figueiredo de Araújo, que é membro titular da SBCP (Sociedade Brasileira de Coloproctologia) e atua na equipe de coloproctologia do Hospital Municipal da Vila Santa Catarina e do Hospital Israelita Albert Einstein. A principal indicação dos enemas é para pacientes com fezes empedradas, com dificuldade de evacuar, constipação crônica grave e incontinência anal (quando os indivíduos não conseguem controlar a saída de fezes). Outra indicação é para preparo de exames como retoscopia, visando limpar o intestino para que possa ser visualizado adequadamente. Há enemas com medicamentos que podem ser necessários em algumas enfermidades, como a retocolite ulcerativa, que é uma doença inflamatória do intestino. “O enema não precisa de supervisão médica para ser realizado. Médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde podem orientar o paciente a como realizá-lo em casa, mas somente quando for indicado. A principal recomendação é lubrificar o ânus para a introdução do kit para realização do enema e ter cuidado nessa introdução, para não ferir ou machucar o reto”, esclarece a proctologista. No entanto, Marleny Araújo afirma que há risco de perfuração do reto e que, quando é realizada a introdução do líquido, pode haver uma sensação de ardência e vontade de evacuar. “Esses sintomas estão previstos e passam em alguns minutos, logo após a evacuação ocasionada pelo enema acontecer. No caso de enemas de medicamentos, o objetivo é que o líquido fique no reto agindo por mais tempo”, explica. Os perigos dos enemas de café A prática do enema de café — quando a bebida é inserida pelo ânus para limpar o reto e o intestino grosso — também vem fazendo cada vez mais adeptos em diversos países, inclusive no Brasil. “A cafeína acaba sendo absorvida pelo reto, mesmo que em menor quantidade do que tomando café, e isso pode ter consequências, em especial sendo realizado diversas vezes ao dia. Os riscos vão desde alterações como taquicardia (coração acelerado), arritmias, náuseas e até mal-estar. Fazer isso em casa é até mais arriscado, pela dosagem de cafeína que pode haver no enema. Há ainda os mesmos riscos de qualquer enema, como feridas no reto e inflamação”, adverte a proctologista. A médica esclarece ainda que, mesmo quando realizados apenas com água, os enemas podem prejudicar o funcionamento do intestino a longo prazo, pois podem criar uma dependência, levando a pessoa a deixar de evacuar naturalmente. “Nenhum enema deve ser realizado com frequência sem que haja indicação para tal”, conclui.

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