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Cidadãos resgatados na Faixa de Gaza chegam ao Brasil

por admin
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As crianças bem que queriam aproveitar a piscina na manhã desta segunda-feira (13). Ahmed Adbushanab, de 10 anos: “Eu queria pular, mas não dá”. Repórter: “Por quê?” Ahmed: “Porque não tem sol. E a gente não vai poder ficar abrindo as malas para trocar de roupa”. Mas no café do hotel, todos só falavam sobre a noite de sono que tiveram. “Minha noite foi a melhor, porque eu dormi em um colchão e não no chão como eu dormia na minha casa. Eu consegui dormir a noite toda”, conta Bader, de 11 anos. “Primeira noite tranquilo desde 37 dias, sem bombardeio, sem o avião de monitoramento, que ele faz barulho muito terrível. Então, a gente dormiu um pouco, mas dormiu. A gente precisa descansar uma semana quando chegar, porque o que a gente passou não é coisa fácil, não”, diz Hassan Habee. Para acompanhar o grupo de 32 pessoas, sendo 22 brasileiros e dez familiares palestinos, o Brasil enviou uma psicóloga. ”A mente das pessoas, a cabeça ainda está cheia de mais de um mês de confusão, de guerra”, conta Mahmoud Abouhalob. A retirada do grupo de Gaza foi uma operação desafiadora para a diplomacia brasileira. “O desafio da incerteza, de não se saber quando eles poderiam sair, qual seria o caminho para que eles pudessem sair, com quem falar”, diz Paulino Franco de Carvalho Neto, embaixador do Brasil no Egito. Da fronteira com a Faixa de Gaza até a capital egípcia são cerca de 350 km, mas a viagem durou quase nove horas, principalmente por conta dos bloqueios militares no caminho. Eles chegaram ao hotel quase meia-noite, pelo horário local, 19h de domingo (12) no horário de Brasília. Mahmoud Abouhalob: ”Uma viagem muito cansativa.”Repórter: “Vocês pararam muito?”Mahmoud: “Sim. Segurança, policiais no caminho para confirmar quem são as pessoas”. Das 17 crianças, uma chegou ao Cairo passando mal e foi atendida pela médica também enviada pelo governo brasileiro. “Ela tomou injeção, deram a ela remédio e ela está bem melhor”, diz Hassan Habee, pai da criança. A sensação de alívio se mistura com a angústia por conta do que tiveram que deixar para trás. Ainda era madrugada no Brasil quando todos se levantaram lá, carregando a bagagem que conseguiram trazer da Faixa de Gaza e também os desejos do que fazer ao chegar ao Brasil. Reem Rabee diz que quer beber muita água, porque em Gaza a água era poluída. “Ver meu pai. Já faz quatro meses sem ver ele. Eu amo o meu pai, quero só ficar com ele, nem sair não, nem voltar para Palestina, porque lá eu vi muitas coisas ruins, não dá para esquecer isso”, conta Anas Abushanab, de 12 anos. Depois de uma noite de descanso, o grupo deixou o hotel e foi para o aeroporto, onde o avião da Força Aérea Brasileira esperava por eles. O Hassan registrou o embarque no Cairo. O voo decolou às 6h51, no horário de Brasília, e fez uma parada técnica nas Ilhas Canárias, na Espanha, antes de seguir para o Recife. O avião que trouxe os repatriados do Egito pousou na noite desta segunda-feira (13) no Recife. O avião da Presidência da República pousou às 20h21, pelo horário de Brasília, na Base Aérea do Recife. Antes de chegar à capital pernambucana, o avião pousou em Las Palmas, nas Ilhas Canárias, para uma parada técnica de reabastecimento à 13h10, no horário de Brasília. Permaneceu em solo por pouco mais de uma hora e decolou em direção ao Brasil às 14h20. Segundo a Força Aérea Brasileira, este é o décimo voo que trouxe brasileiros da área da guerra: quase 1,5 mil pessoas que estavam na região foram repatriadas pelo governo brasileiro até o momento. O Recife não é o destino final dos passageiros. De lá, eles seguem para Brasília, onde devem chegar por volta das 23h30. Recepção dos repatriados Quatro pessoas já vão para a casa da família, em Brasília, ainda nesta segunda-feira (13), segundo o secretário nacional de Justiça, Augusto Botelho. E os outros 28 vão para alojamentos de oficiais da FAB na própria base aérea, onde devem ficar por mais dois dias. O presidente Lula disse, logo cedo, em uma rede social, que vai pessoalmente receber o grupo na Base Área de Brasília. Uma força tarefa, envolvendo cinco ministérios, vem preparando a recepção dos repatriados. Nesse primeiro momento, o grupo vai receber atendimento médico e psicológico. A Polícia Federal e a Receita Federal vão agilizar a regularização dos documentos tanto dos brasileiros quanto dos imigrantes. O secretário nacional de Justiça disse que técnicos e intérpretes de agências da ONU estarão presentes desde o desembarque. “Há muitas crianças que não têm vacina ainda no grupo. Serão todas vacinadas amanhã. Então, esses dois dias são dois dias de descanso e também de conversa, de escuta, para que o governo federal entenda as necessidades de cada pessoa para que a gente possa fazer um trabalho de acolhimento a médio e longo prazo ideal. Não é simplesmente colocar a pessoa de volta aqui no Brasil. É preciso reintegrá-la à sociedade, é preciso oferecer oportunidades. É um trabalho difícil, principalmente de um grupo que vem de uma zona de guerra”, afirma Augusto Neto, secretário Nacional de Justiça. Depois, os repatriados partirão para diferentes cidades. Quatro seguirão em voos comerciais: um para Cuiabá; dois para Florianópolis; e um para Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. Vinte e quatro serão levados em avião da FAB para São Paulo. Doze vão ao encontro de parentes. Os outros doze serão levados para abrigos no interior do estado, oferecidos pelo governo federal. O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, disse que esse último grupo vai receber assistência social imediata. “Ali tem direito a habitação, tem direito a alimentação e também acesso a um dos programas, ou o Bolsa Família ou o BPC. E a partir daí é feito toda uma orientação para outros programas”, explica.

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