Um conjunto de esculturas gregas em posse do Museu Britânico, em Londres, virou o centro de um desconforto diplomático entre os governos dos dois países. A Grécia cobra a devolução permanente das peças, levadas para a Inglaterra há mais de 200 anos.
Na terça-feira (28), o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, cancelou uma reunião que teria com seu homólogo grego, Kyriákos Mitsotákis, que manifestou sua irritação. O encontro era para discutir outros assuntos.
Um porta-voz do governo britânico disse mais tarde que Mitsotákis não aderiu às garantias de que não levantaria publicamente a questão da devolução das esculturas.
Autoridades do governo grego disseram que Mitsotákis apenas reiterou a posição de longa data de seu país.
A Grécia tem solicitado repetidamente ao Museu Britânico o retorno definitivo das esculturas, conhecidas no Reino Unido como Mármores de Elgin, de 2.500 anos que o diplomata britânico Lord Elgin removeu do templo do Partenon em 1806, durante um período em que a Grécia estava sob o domínio turco otomano.
Cerca de metade do friso de 160 m que adornava o Partenon em Atenas está no Museu Britânico, enquanto 50 m das esculturas estão no Museu da Acrópole, na Grécia.
Durante uma entrevista à BBC no domingo, Mitsotákis comparou a separação das esculturas ao corte da Mona Lisa ao meio, uma caracterização rejeitada pelo governo britânico.
Com Atenas e Londres discutindo sobre o cancelamento da reunião, os mármores do Partenon atraíram mais atenção da mídia, o que pode ter sido um tiro pela culatra para o Reino Unido.
“O cancelamento dessa reunião também teve um lado positivo. A justa demanda da Grécia pela reunificação das esculturas do Partenon recebeu ainda mais publicidade, não apenas no Reino Unido, mas também internacionalmente”, disse Mitsotákis.