Natural de Alcobaça, no sul da Bahia, Lara Borges, de 17 anos, é um exemplo de como a educação abre possibilidades: filha de pescadores e primeira mulher alfabetizada em sua família, Lara foi premiada com uma viagem à COP28 (Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima) após vencer um concurso realizado entre 1.500 alunos de 300 escolas brasileiras sobre tecnologia e meio ambiente. Na competição, chamada Estimule Empatia, crianças e jovens eram estimulados a gerar imagens com o uso da inteligência artificial para pensar soluções para as mudanças climáticas que atingem o mundo — só o Brasil foi atingido por nove ondas de calor em 2023 — e suas esperanças para o futuro do planeta. Entre tantas imagens criadas, a de Lara se destacou também pela mensagem transmitida pela jovem. “Nosso planeta clama por ajuda! E nós, a sociedade da informação, devemos cuidar dele! Inventamos uma ferramenta capaz de conectar um continente a outro em segundos! Algo que gerações passadas achavam impossível! Além disso, criamos a neurociência e conseguimos estudar a máquina mais poderosa e difícil de manejar, o cérebro. Será que realmente seremos incapazes de cuidar do nosso planeta? Lembre-se, uma pessoa não pode fazer a diferença, mas uma nação pode!”, escreveu a estudante. Detalhe: o concurso, chamado Estimule a Empatia, foi patrocinado pela empresa Edify Education, que promove programas educacionais bilíngues em escolas ao redor do país, e exigia que os projetos fossem elaborados em inglês. O inglês perfeito, a mensagem e a imagem garantiram a Lara a viagem a Dubai (Emirados Árabes Unidos) para acompanhar a conferência internacional sobre mudanças climáticas. • Clique aqui e receba as notícias do R7 no seu WhatsApp• Compartilhe esta notícia pelo WhatsApp• Compartilhe esta notícia pelo Telegram• Assine a newsletter R7 em Ponto Lá, acompanhada de seu professor de inglês, a jovem teve palestras com cientistas, doutores, ministros e especialistas de várias áreas de conhecimento e de diversos países. Ela conta que se surpreendeu com o uso de inteligência artificial em setores como a política, a economia e o meio ambiente. A paixão pelo ambiente e pela educação vem de família. Em casa, Lara costuma conversar sobre esses assuntos com os parentes, que trabalham na pesca. A jovem também carrega a responsabilidade de ser a primeira mulher alfabetizada da família — sempre foi inspirada por sua bisavó Lerita, que trabalhava como diarista e cabeleireira para que ela não abandonasse a escola. O esforço da bisavó foi retribuído por Lara com muita dedicação aos estudos. E rendeu frutos: após estudar em escola pública quase a vida inteira, a jovem conquistou uma bolsa de estudos no colégio particular Evolução, de Porto Seguro, que inscreveu seus alunos no concurso Estimule Empatia. Foi lá também que Lara completou o ensino médio. A estudante conta um pouco do papel de toda a sua família ao se envolver com os problemas climáticos: “Foi meu avô Benedito que entendeu que as questões ambientais são realmente as que necessitam da nossa atenção”, conta Lara. A experiência de acompanhar a COP28 também influenciou seus planos para o futuro. Enquanto aguarda o resultado do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), a estudante está analisando as opções de curso para aplicar no Sisu (Sistema de Seleção Unificada) — ela quer estudar algo que una sua paixão por meio ambiente e as habilidades de relações sociais, que descobriu durante a viagem. * Sob a supervisão de Pedro Marques CONFIRA: Fuvest: conheça as escritoras que compõem as primeiras listas de obras obrigatórias só com mulheres
Da pesca à COP: como paixão pelo meio ambiente levou estudante da Bahia à conferência sobre clima
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