Com o período chuvoso a pleno vapor desde setembro, a cidade enfrenta um desafio: como reduzir os impactos das chuvas nessas áreas de risco? Antes, é preciso entender por que esses problemas acontecem. Segundo Dirceu Rother Júnior, arquiteto e urbanista e professor aposentado na área de planejamento urbano, são várias dificuldades atualmente porque a cidade foi construída sem considerar os cursos d’água. “É uma cidade que está em uma depressão periférica, onde nós temos divisores de água. Um exemplo muito fácil de ver é a Avenida Independência, que você tem uma parte alta, onde você desce no sentido da Avenida Armando de Salles Oliveira ou no Piracicamirim”, explicou. Conforme o urbanista, quando chove a água desce por essas depressões periféricas e enche os córregos. A exemplo, ele cita a Avenida Armando de Salles Oliveira, por onde passa o córrego Itapeva, que foi canalizado em 1957 – e atualmente é uma das áreas que alaga com mais frequência na cidade. “Não há mais capacidade de absorção, principalmente que essas águas não são drenadas, descem pelas ruas. Isso promove as enchentes”, explicou. “A água busca seus caminhos e vazões. Para onde ela vai na cidade construída?”, questionou. Rother também cita um outro problema atual, que é a falta de solo permeável pela cidade, ou seja, a água não tem para onde escorrer. Solo permeável é aquele que permite a infiltração das águas, como uma área verde, por exemplo. Avenida Armando de Salles Oliveira, no Centro de Piracicaba — Foto: Wlademir José Como resolver? A situação das enchentes em Piracicaba é crônica em várias áreas e de difícil resolução segundo Dirceu. Ele afirma que encontrar uma solução definitiva e eficaz é bastante complicado, porque as áreas já estão construídas e qualquer intervenção maior pode ser onerosa. Ainda assim, em algumas áreas é possível amenizar os problemas para que os efeitos dos temporais sejam menos sentidos pela população. Obras de desassoreamento e limpeza de córregos podem ajudar, por exemplo. Outra ação que é essencial e ajuda não somente no problema das enchentes é aumentar as áreas permeáveis pela cidade. “Criação de parques e a exigência de manutenção de árvores. E, claro, que quanto mais área verde, você tem uma absorção não só da água, como também do clima. Você tem uma melhoria do clima”, completou o professor. A prefeitura informou que analisa a possibilidade de um novo estudo nessa região. Alagamento na entrada do bairro Santa Rosa, em Piracicaba — Foto: Reprodução/EPTV Áreas de risco O g1 entrou em contato com a prefeitura, que elencou todas as áreas de risco para enchente atualmente na cidade. Veja abaixo: Trechos na região Central – Córrego Itapeva: Avenida Armando de Salles Oliveira, entre o Terminal Central de Integração (TCI) e Avenida IndependênciaAvenida 31 de MarçoRua Gomes Carneiro com Rua Santa Cruz Trechos relacionados ao transbordamento do Rio Piracicaba: Rua do PortoAvenida Beira RioBongueAvenida Cruzeiro do SulAvenida Jaime PereiraOndasAlgodoalOndinhasSão FranciscoEstorilJupiáGran ParkÁrtemis No caso do rio Corumbataí, os pontos que podem alagar são: Santa TerezinhaVila RiosIAA-Bessy O ribeirão Piracicamirim pode transbordar nos pontos abaixo: Serra VerdeIpanemaAstúriasBosque da Água BrancaMaracanãMorumbiVila IndependênciaTrechos da Avenida Alberto Vollet SachsAvenida Manoel Lopes Alarcon – Santa Rosa Córrego do Piracicamirim em Piracicaba após desassoreamento e limpeza — Foto: Reprodução/EPTV O que já vem sendo feito Segundo a prefeitura, atualmente há algumas obras em andamento ou já concluídas com intuito de amenizar os impactos das enchentes. Entre elas o desassoreamento de trechos do Ribeirão Piracicamirim, finalizada em 2021.. “A obra mostrou resultados positivos nas chuvas de verão, e evitou o transbordamento do manancial, principalmente nos bairros Morumbi, Maracanã e Bosque da Água Branca e outros vizinho”, diz a prefeitura. Além disso, há outra obra ainda no Piracicamirim, na altura do número 2627 da Avenida Prof Alberto Vollet Sachs. Neste caso, está sendo construído um muro de gabião e contenção de erosão. Já no Córrego do Enxofre também estão sendo feitas obras de contenção de erosão. Em 2022, foi feita uma obra de recuperação da margem esquerda do ribeirão, na Avenida Demóstenes Santos Correa, com construção de um muro de gabião na altura do bairro Jardim Conceição. Em outros trechos do córrego também foram feitas obras semelhantes. Além disso, foi iniciada recentemente uma obra de desassoreamento no trecho entre a Avenida Jaú e a Avenida Pedro Habechian. No Santa Rosa, na região do Rio Corumbataí, foi iniciado trabalho para abertura de vala em terreno na área para escoamento da água das chuvas que costumam inundar a via. Segundo a prefeitura, o problema neste ponto é antigo e vem sendo acompanhado. Já referente ao Rio Piracicaba e região central da cidade, a prefeitura informou que abriu licitação para contratar empresa para desassoreamento do manancial. Também disse que analisa a possibilidade de um estudo específico para a região da Avenida 31 de Março e Armando de Salles Oliveira. VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e região