Pesquisadores da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon (OHSU), nos Estados Unidos, anunciaram uma inovadora tecnologia que cria embriões com genes de 2 homens. A equipe está empenhada no desenvolvimento de uma técnica revolucionária para tratar a infertilidade. O objetivo é transformar células da pele em óvulos capazes de gerar embriões viáveis, conforme detalhado em um artigo recente da revista Science Advances, divulgado na última sexta-feira (8). Essa tecnologia revolucionária tem o potencial de beneficiar diversos grupos, como, por exemplo, casais homoafetivos masculinos que desejam ter filhos geneticamente relacionados a ambos os pais. Ainda, abrange mulheres mais velhas que buscam engravidar e pessoas que enfrentam dificuldades para produzir óvulos viáveis, seja por tratamentos prévios contra o câncer ou por outras razões. A técnica em questão, conhecida como gametogênese in vitro (IVG), se baseia na transferência nuclear de células somáticas, uma técnica previamente utilizada, por exemplo, no processo de clonagem da ovelha Dolly em 1996. O principal objetivo é gerar óvulos para pacientes que não possuem seus próprios óvulos disponíveis. É o que explica o pesquisador Shoukhrat Mitalipov, autor sênior do estudo e diretor do Centro de Terapia Celular e Gênica Embrionária da OHSU. Via Freepik Como funciona? Nesta fase da pesquisa, a técnica de gametogênese in vitro ainda está sendo testada em camundongos. Inicialmente, os pesquisadores removem o núcleo de uma célula da pele de um roedor e o inserem em um óvulo de outro camundongo, que também teve seu núcleo removido. Em seguida, o núcleo da célula da pele implantado no óvulo passa por um processo de eliminação de metade de seus cromossomos, resultando na formação de um óvulo haploide, contendo apenas um conjunto de cromossomos. Posteriormente, os cientistas fertilizam esse óvulo com esperma por meio de fertilização in vitro. Como resultado, é gerado um embrião diploide, com dois conjuntos completos de cromossomos e genes de 2 homens, refletindo a contribuição genética de ambos os pais. Especialistas apontam que foi uma vitória os resultados até o momento. Na próxima etapa da pesquisa, a meta é aprimorar o emparelhamento dos cromossomos para garantir que cada par se separe de maneira adequada. Os pesquisadores também estão explorando a aplicação dessa técnica em óvulos humanos. No entanto, a previsão é que leve anos até aperfeiçoar, de fato, essa técnica, com a devida regulamentação para estar pronta para uso clínico. Segundo comentários, a ocorrência traz uma visão inédita e fascinante sobre a medicina. Porém, ainda há muito trabalho a ser feito para compreender como ocorre o emparelhamento e a divisão precisa desses cromossomos, de modo a reproduzir fielmente o que ocorre na natureza. Por que não existem embriões com genes de 2 homens até hoje? Via Freepik Até os dias atuais, não foi possível criar embriões humanos com genes de 2 homens de maneira bem-sucedida, ética e saudável. Isso porque é muito difícil manipular células para que elas se tornem óvulos viáveis sem a reprodução natural pelo corpo. A medicina está avançando consideravelmente em termos de genética e estudos de reprodução artificial. Entretanto, alguns elementos biológicos ainda são difíceis de imitar em laboratório. Além disso, uma reprodução completa e saudável, no modelo orgânico que conhecemos hoje, ainda carece da combinação de genes masculinos e femininos para criar um novo ser. Isso acontece porque os genes masculinos são fornecidos pelo espermatozoide e os genes femininos pelo óvulo, carregando o material genético cromossômico para gerar o embrião. Cada um desses genes contém instruções importantes que são necessárias para o desenvolvimento do embrião e do futuro organismo. Sem a combinação desses genes, a reprodução não seria possível. Afinal, o organismo resultante não teria todas as informações genéticas necessárias para crescer e se desenvolver corretamente. Agora, estamos caminhando para mudar essa realidade, com a geração por meio de genes de 2 homens, mas ainda existe um longo caminho a se percorrer. Fonte: Revista Galileu Imagens: Freepik, Freepik